O 25 de abril deve ser visto por cada cristão como “a seara onde se cultivam os valores do sermão da montanha” e se “concretizam as obras de misericórdia”- Maduro Dias

Foto: Igreja Açores/TO

Comissão Diocesana Justiça e Paz celebra missa assinalando os 50 anos do 25 de abril, na Igreja mais nova da cidade de Angra, que este ano completou o 25ª aniversário

“Trazer à lembrança dos olhos e dos ouvidos o que eram e como eram os dias de antes  e foram os dias depois desta data da primavera de há 50 anos  é relevante e vale a pena” afirmou esta noite em Angra o Presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, no final de uma celebração promovida pelo organismo católico para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, na Igreja de Santa Luzia, em Angra do Heroísmo.

Francisco maduro Dias, presidente deste organismo da Igreja açoriana afirmou que a manhã do 25 de abril permitiu “abrir páginas novas na vida de cada um” e por isso é responsabilidade de todos fazer memória deste acontecimento.

“Comemorar os dias importa sempre porque com o passar dos anos a memória pode atraiçoar-nos “ referiu ainda salientando que hoje “há mais espaço” e que há 50 anos “os dias não eram assim”.

“A comissão Diocesana Justiça e Paz tem por missão sublinhar os valores da Doutrina Social da Igreja  cujos  princípios fundamentais  são a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidariedade, a participação e a solidariedade.

“O 25 de abril de 1974 foi mais um passo na humanidade que nos é mais próxima e no caminho para a tal irmandade e fraternidade que todos desejamos” concluiu ,lembrando que a democracia exige “cuidado e desvelo”.

“Este dia deve ser para cada cristão, individualmente, em família ou em grupo , onde quer que esteja,  a seara onde se cultivam os valores do sermão da montanha e a tradução prática daquilo que tão bem conhecemos como obras de Misericórdia”.

O assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz presidiu à celebração e referiu que “não sendo perfeita, a Democracia é o único sistema que garante a liberdade e os valores da Doutrina Social da Igreja”.

“Não há regimes perfeitos” e a democracia “precisa sempre de ser aperfeiçoada” disse o padre José Júlio Rocha.

“Toda a democracia tem de passar o deserto: das crises, da insegurança, da corrupção”, mas só com a democracia “podemos ter liberdade, progresso e desenvolvimento”.

O sacerdote deixou ainda um alerta: liberdade implica acima de tudo responsabilidade.

“Viver em democracia sem responsabilidade é uma libertinagem” afirmou deixando um apelo: “não voltemos atrás, sejamos construtores de paz e de tolerância”.

A partir da liturgia estabeleceu uma comparação entre os dias de hoje e o povo de Israel quando foi libertado do jugo egípcio, que preferia “ a segurança da escravidão” aos “desafios constantes da liberdade”.

“A liberdade não é gratuita, custa e custa muito; é porventura o maior desafio do ser humano mas vale a pena”, concluiu.

Esta eucaristia celebrou-se de uma forma discreta, sem cânticos, primando pela reflexão sobre os desafios da liberdade e da democracia.

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