Dia do Catequista no Posto Santo reuniu 150 catequistas da ilha Terceira

 

Bispo pede iniciativas de catequese que favoreçam a formação de discípulos em vez da celebração de sacramentos; garantam o respeito por cada criança e o envolvimento responsável das famílias

150 catequistas da ilha Terceira participaram esta quinta-feira no Dia do Catequista, num encontro que decorreu no Salão paroquial do Posto Santo, intitulado “Assumir um ministério é colocar-se ao serviço”, no qual o bispo de Angra desafiou os catequistas a serem  formadores de discípulos.

“A primeira catequese,  a mais urgente,  é a família” de forma a que não olhe para a catequese  apenas como um modo de receber um sacramento mas como um tempo para formação de discípulos.

“A catequese e a primeira comunhão não podem ser vistos como um preceito social, às vezes feito por pressão. A catequese tem de estimular a capacidade e a vontade de sermos discípulos”, disse D. Armando Esteves Domingues que presidiu à concelebração eucarística que encerrou o encontro, e onde afirmou que é preciso que a  Igreja valorize mais o ministério laical de catequista.

“A vossa missão é a missão de toda a Igreja desde o inicio, uma missão que é de todos e a Igreja dos Açores sente que tem em vós pilares fundamentais  para a missão” disse D. Armando Esteves Domingues.

“Muito do futuro da sociedade que nos rodeia passa pela vossa oração, pelo vosso estudo, pela palavra que anunciam, pelo vosso tempo, mas chamai entre vós os que são mais novos para que possam fazer a catequese convosco” apelou o prelado diocesano lembrando que a instituição deste ministério, decidida pelo Papa em maio de 2021, “ é um caminho a aprofundar” e envolve “homens e mulheres” que têm “esta vocação especial” e que a poderão desenvolver “unidos a toda a Igreja e ao bispo diocesano”, em particular.

“Assumir o ministério é colocar-se ao serviço”, lembrou.

“ Imaginemos que cada um  de vós tem uma média de 10 crianças a seu cargo. Isto é, falamos de 1500 crianças e hão-de ser muitas mais nalguns casos, que recebem uma palavra vossa. Quanto esta ilha depende de nós…Obrigado!”.

A iniciativa contou com catequistas de toda a ilha e o bispo pediu-lhes para terem iniciativas “que favoreçam a comunhão “, “garantam o respeito pelo tempo, capacidade e consciência” de cada criança e , “responsabilização e envolvimento das famílias”.

“A missão do catequista é uma missão grande e cada vez mais exigente” disse D. Armando Esteves Domingues; por isso, é preciso “que o anuncio seja respeitoso, que ele seja insculturado” e não “imposto” e se centre no exemplo de jesus e “não em aspectos menores”.

“Nem todos são iguais e não devem ser iguais; nós caminhamos uns com os outros e temos de ter um profundo respeito pelas pessoas, do lugar de onde vêm, do caminho que estão a fazer”, mesmo que muitas vezes “pareçam resistir ao que lhes dizemos e até nos contradigam”.

“Não devemos ter medo das ideias uns dos outros. Testemunhar a fé é um dom e dizer que a minha fé é a maior dádiva que Deus nos deu, não merecerá critica de ninguém. O anúncio do amor adequa-se a todas as culturas e purifica-as do mal”, disse ainda.

“Quantas vezes aqueles que nos infernizam, que dizem que não acreditam em nada são aqueles que vão mais longe, procurando a fé, o seu sentido, que não a recebem de forma passiva?” interpelou o prelado.

“Não tenham medo de quem luta, de quem reage, de quem quer saber mais e questiona”, concluiu.

Os catequistas desenvolveram várias atividades e partilharam o seu testemunho, facto registado pelo diretor do Serviço Diocesano da Evangelização, Catequese e Missão, Padre  Jacob Vasconcelos.

“Quero deixar aqui uma palavra de gratidão ao Bispo e à equipa e a todos vós. Foi bom estarmos juntos”, disse o sacerdote anunciando que a diocese de Angra será a próxima anfitriã do encontro nacional dos secretariados diocesanos da catequese, que se realizará, em “principio” no final da Quaresma do próximo ano. A última vez que a Diocese organizou este encontro foi em 2003.

Durante o  dia de hoje, os catequistas terceirenses refletiram sobre os gestos, atitudes e  ações concretas que devem adoptar  a partir da sua condição de batizados e confirmados na fé, e que passam pelo estudo da Palavra, pela oração diária e participação ativa na vida da Igreja, pelo respeito pelos outros, pela coerência de vida, ações de caridade, serviço aos mais pobres, cuidado com os doentes, promoção da justiça e busca de santidade, entre outros.

Os catequistas foram ainda interpelados sobre a dimensão profética da missão do catequista na denuncia das injustiças, na defesa da fé e da verdade.

“Todos nós, como cristãos, exercemos um triplo ministério. Mas é sobretudo no múnus profético, que o catequista se enquadra, pois participa na missão de ensinar da Igreja instruindo os fiéis, tanto na compreensão dos ensinamentos quanto na vivência da fé”, lembrou o diretor diocesano da Catequese salientando que “é o Espírito Santo o principal protagonista da ação catequética. É ele quem torna os nossos esforços eficazes na tarefa de catequizar”.

Scroll to Top