O descrédito das instituições

Por Renato Moura

Esta semana o Capitólio foi invadido em pleno processo de confirmação dos resultados das eleições para Presidente dos EUA. Há meses, Trump – presidente e candidato – apavorava com a fraude eleitoral, arregimentando apoiantes. A acção ora perpetrada é consequência do comportamento aberrante. A circunstância de as forças de segurança não o terem evitado, é outra.

A morte infligida a um cidadão ucraniano no SEF, é um acto horrendo ocorrido há meses. Incrível uma polícia manter um estilo de actuação que o permitiu. Incompreensível manter em funções, durante meses, a responsável pelo departamento. Para que servia aquela polícia, se agora se admite, imediatamente, sem mais, poder extingui-la?! Para a PSP assumir as funções do SEF, tolerando, sem consequências, o desejo público do seu director nacional?! Não se entendem as atitudes – ou falta delas – por parte do Ministro da Administração Interna!

Como interpretar as falas sucessivas e incongruentes da Ministra da Justiça, perante uma acto de adulteração de um currículo enviado para instituição europeia, a propósito da escolha de um procurador europeu?

Como aceitar a cobertura do 1.º Ministro a tudo e todos? Como julgar o azedume de Costa perante as críticas e o brutal contra-ataque pessoal aos criticantes?!

As atitudes dos grandes responsáveis políticos, no mundo ou no País, têm um peso enorme, induzem comportamentos e acarretam práticas. Podem normalizar erros e arrastar multidões. Reproduzem-se a escala regional e local. Levam ao descrédito das instituições.

Afinal as tentações de ascensão ou manutenção no poder são demasiado universais. Já não apenas, como acusávamos, nos ditos países do terceiro mundo. Já não são fenómenos daquela ou doutra raça; duma religião ou de outra; dum partido de esquerda ou de direita! Há dificuldade em reconhecer os erros próprios, nem se assume a demarcação dos erros grosseiros daqueles a quem se confiaram missões!

Os debates para as eleições presidenciais sem ideias; e não são edificantes. Acusa-se. Na hora do contra-ataque não se hesita. Até Marcelo revela o ambiente reservado de uma reunião de gabinete no exercício presidencial. Já não se conseguem disfarçar as tentativas de manipulação das pessoas e das suas sensibilidades ou fragilidades. Na ânsia de ultrapassar a fasquia eleitoral sonhada: declaram a independência ou a nova adesão partidária, mas assumem a raiz partidária de outrora; ou a paternidade de Sá Carneiro; nem vacilam em ostentar a condição de católico; nem a colagem ao prestígio do Papa.

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