O jornalismo “tem de abandonar a sua imparcialidade” para promover a inclusão, diz diretor do Diário dos Açores

Mesa redonda das II Jornadas Diocesanas da Comunicação sobre o “Papel informativo da comunicação social na construção de uma sociedade com valores” reuniu jornalistas de várias ilhas

A comunicação social “tem que estar na linha da frente lutando pelos mais fracos” e isso significa que os jornalistas têm de se “desacomodar da sua imparcialidade” e assumirem-se cada vez mais como “defensores de causas”, disse esta manhã o jornalista Osvaldo Cabral, na primeira mesa redonda das II jornadas Diocesanas de Comunicação, que se realizam em Angra.

“O novo jornalismo deverá abandonar a sua tradicional imparcialidade e comprometer-se com causas defendendo valores que nos permitam defender a humanidade”, disse o diretor do Diário dos Açores.

Osvaldo Cabral lembrou alguns números que fazem com que o jornalismo hoje seja diferente do que há 40 anos quando começou- 100 mil revistas publicadas tosos os dias, 3 biliões de páginas on line disponíveis à distância de um clique-   e que o nível de exigência hoje é maior “não só porque há mais informação disponível como um maior e mais facilitado acesso”.

O jornalista estabeleceu um paralelismo  entre aquilo que deve ser o papel da comunicação social e a igreja: “ambos têm de estar na linha da frente na defesa de valores, na defesa dos que não têm voz e por isso não se podem conformar”.

Lembrou que esta postura “nem é sequer uma novidade” nos Açores porque historicamente o “jornalismo açoriano sempre se bateu por causas e sempre teve esta tónica de serviço público”.

Osvaldo Cabral elencou os pilares deste jornalismo: seriedade e profundidade, “dois valores inalienáveis”.

Depois deixou um repto à igreja no sentido de não ficar “obcecada pela propriedade dos órgãos de comunicação social”.

“Mais importante do que ter títulos  católicos é preciso ter católicos na imprensa e, sobretudo, saber comunicar” disse ainda o jornalista.

Marta Silva, da RTP e Souto Gonçalves, do Incentivo falaram sobretudo das questões levantadas pelo Jornalismo de proximidade: a excessiva exposição a fontes, e por outro lado, o escrutínio permanente dessas mesmas fontes.

A jornalista da delegação da Terceira da RTP Açores sublinhou a dificuldade em se fazer jornalismo de investigação e destacou o poder efetivo que os jornalistas têm para poderem dar voz a quem não a tem.

Por outro lado, Rui Gonçalves destacou a importância do jornal dentro da ilha como sendo o instrumento de informação da família.

“Quem assina o seu jornal entende-o como sendo quase uma extensão da sua casa”.

A mesa redonda foi moderada pelo diretor do Diário Insular, José Lourenço.

A segunda mesa redonda está marcada para esta tarde sob o tema “Informação: uma ponte para a inclusão ou para a exclusão”.

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