“O nosso dever é pedir ao Estado que nos garanta cuidados para evitar o sofrimento” afirma Maria do Céu Patrão Neves

Professora Catedrática  diz que uma sociedade que não cuida dos seus é uma “sociedade do descarte” e “sem consciência moral”

A Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida afirma, a propósito da votação da Eutanásia, que voltou a ser adiada pela terceira vez, que a consciência moral de um deputado não é superior à de um cidadão comum e, por isso, nesta matéria  da morte medicamente assistida, o Parlamento deveria de devolver a palavra aos cidadãos fazendo um referendo.

Maria do Céu Patrão Neves, convidada do programa de rádio Igreja Açores, afirma que a lei que os deputados vão aprovar- a maioria parlamentar assim o fará- “deveria ser revista” pois está “cheia de paradoxos”.

“Esta iniciativa legislativa tem o seu principio remoto em 2015 e por isso poderíamos dizer que já tivemos tempo suficiente par amadurecer as nossas posições mas ouvindo os múltiplos debates que vão tendo lugar, falando com profissionais de saúde, em circunstãncias várias, ainda me atrevo a dizer que o desconhecimento em relação a estas matérias ainda é bastante amplo e o diploma que está em análise não resolve nem esclarece”, afirma a professora catedrática da Universidade dos Açores.

“Todo este debate está muito ideologizado desde o inicio, muito situado e até tem servido de moeda de troca dentro de um contexto de políticas publicas mais alargado”.

“O diploma mereceria uma profunda revisão até em nome da sua própria coerência” avança ainda a professora catedrática que insiste nos paradoxos que o diploma contém: desde a condução do processo, às decisões médicas.

“É uma precipitação” avança lembrando que apenas o Presidente da República o pode travar.

“Foi possível cansar a sociedade portuguesa sobre o debate da eutanásia, mas este cansaço não foi nem entusaiasmante nem clarificador” adianta ainda.

Maria do Céu Patrão Neves recorda que o essencial na vida das pessoas é garantir que não se sofre  e a legislação portuguesa já tem uma quadro normativo suficiente que garante o justo equilíbrio entre a proteção da vida, pela qual o Estado deve zelar e a liberdade de autodeterminação da pessoa.

A entrevista de Maria do Céu Patrão Neves vai para o ar este domingo, depois do meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

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