“O presépio tem de ser um sinal de contradição a esta tentação de fechar portas que vivemos nos dias de hoje”, afirma ouvidor da Praia da Vitória

Padre Emanuel Valadão Vaz é o convidado do programa de rádio Igreja Açores neste domingo da Alegria

O presépio é “tornar vivo este Deus que é terno e misericordioso” e por isso funciona “como um sinal de contradição ao tempo que vivemos” afirma o ouvidor da Praia da Vitória, Pe. Emanuel Valadão Vaz, ao programa de rádio Igreja Açores.

O sacerdote foi o convidado do programa de Rádio da diocese de Angra este domingo, e na conversa orientada por Tatiana Ourique reflete sobre a importância da carta do Papa Francisco sobre o Presépio “Admirável sinal”, na qual desafia os cristãos a regressarem à simplicidade do Presépio e à mensagem de boa nova que ele transporta.

Nos nossos dias, adianta o Pe. Emanuel Valadão Vaz “funciona como sinal de contradição; ele tem de ser esse sinal de contradição em relação aos tempos atuais”.

“Fazer presépios é sempre algo que devemos ver neste sentido: é interpelação de um grande anuncio, de uma boa nova e se deixarmos de fazer presépio ou outras coisas que nos anunciam e nos remetem para a boa nova mais facilmente cairemos na tentação de nos fecharmos e cerrarmos fronteiras desconfiando de tudo e de todos, como fizeram a Deus, que quis nascer num espaço digno”, disse o sacerdote.

Por isso, diz : “Fazer o presépio é tornar vivo este Deus que se torna igual a nós; é ele que vem para nos salvar, a nossa força através da sua pobreza, através da sua fragilidade”.

O sacerdote que conta a sua experiência pessoal diante do presépio, quando era pequeno e hoje com um novo sentido fala também sobre o sentido das figuras do presépio e sobretudo do sentido da família de Nazaré. Esta família, adianta o ouvidor da Praia da Vitória, deve ser para todos um exemplo daquilo que “é a essência de uma família: o amor”.

“O ideal de família passa pelas pessoas se amarem no que são e as pessoas têm de viver com esta forma de estar no meio do mundo, que em muitas situações é contraditória”. E o problema está, segundo o sacerdote justamente aí: “as famílias nem sempre encontram espaços para se amar”.

“A família de Nazaré é uma referência não só por ser uma família que viveu o ideal mas porque é uma família que se ama e se doa, a começar na relação entre José e Maria que no espaço e no contexto judaico era irregular. O seu amor venceu todas as dificuldades, perante uma lei que não compreendia esta situação” esclarece o responsável pela ouvidoria da Praia.

“O grande desafio que se coloca à família, tal como se colocou à de Nazaré, é que as pessoas se amem e, a partir desse amor, constituam um lar onde todos cresçam e possam descobrir o sentido da vida e da fé”, conclui sublinhando que a família do presépio é sem dúvida uma família muito próxima das de hoje: “uma família com uma vida muito atribulada, que fugiu, que se refugiou e isso remete-nos para a atualidade”.

“As pessoas que têm sair da sua terra para encontrar um lugar de paz e de dignidade é algo muito semelhante ao que Maria e José tiveram de fazer para encontrar um lugar para o filho nascer”.

Nesta entrevista que pode ouvir aqui, o Pe. Emanuel Valadão Vaz fala ainda das questões ambientais, da necessidade de uma ecologia integral, do verdadeiro sentido do Natal e da sua experiência como padre do Prado, uma associação de padres diocesanos que faz do evangelho uma experiência a partir da vida dos mais pobres.

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