“Os números da pobreza são um desastre para os Açores e dececionantes para as aspirações de auto governo”, diz Reis Leite

Entrevista ao historiador, que foi presidente do parlamento açoriano pode ser ouvida este domingo

Os Açores têm de ser capazes de encontrar modelos de desenvolvimento social e económico geradores de trabalho e de emprego que abranja o maior número de cidadãos de forma a reduzir as prestações sociais do Estado, defende José Guilherme Reis Leite numa entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores que pode ouvir este domingo depois do meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

“A questão de fundo é que os Açores sejam capazes de criar condições para tirar as pessoas da pobreza” refere o ex. presidente do parlamento açoriano sublinhando que há dois desafios essenciais para o futuro próximo: “numa legislatura muito dificilmente se alteram situações endémicas, como é a pobreza. O  que é necessário é encontrar uma fórmula que crie trabalho para essas pessoas, cientes de que são pessoas com pouca escolaridade e pouco motivadas”. Por outro lado, refere, é necessária uma “política de longo prazo que aposte na educação, na formação e na cultura”.

“Também aqui os resultados são muito dececionantes” acrescenta o historiador, que não poupa criticas às políticas tomadas pelos sucessivos governos açorianos nas últimas duas décadas.

“Os números da pobreza são dececionantes e revelam um falhanço das políticas socialistas”, afirma.

Reis Leite, que foi deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral dos Açores, lembra que há duas áreas “decisivas” para melhorar a vida dos açorianos: a economia e a educação.

“É necessária uma remodelação da economia que valorize os produtos açorianos e que permita, por outro lado, o desenvolvimento económico suficiente que permita garantir a sustentabilidade financeira” adianta.

“Outra é a educação. É preciso criar quadros, criar uma classe média forte e uma aposta no desenvolvimento social”, esclarece.

Relativamente à necessidade de uma reforma profunda da administração publica, nomeadamente reduzindo o peso da administração pública, Reis Leite diz que tão importante quanto isso é criar novos empregos e isso consegue-se através de uma opção mais assertiva sobre os apoios à iniciativa privada.

Sobre o papel da Igreja, em especial na luta contra a pobreza, o investigador sublinha que a Igreja “deve continuar a fazer o que tem feito e que tem feito bem”.

“Se não fosse o empenho dos membros da Igreja Católica dos Açores, as coisas seriam ainda piores”, refere.

“Hoje há uma certa vergonha em falar de caridade, mas a caridade vai muito para além de matar a fome ao outro.  Há que matar a solidão; há que apoiar quem está sozinho, ter empenho em contribuir para a felicidade do outro. E, isso não compete apenas ao Estado; compete sobretudo às organizações”.

Nesta entrevista que pode ouvir este domingo Reis Leite fala da coligação de Governo que toma possa esta terça feira, dia 24, e teme que ela “não seja suficientemente estável e duradoira”; da `boleia´que se deu ao Chega e que pode “ser um tubo de ensaio nacional “, o que o “magoa muito” e do Papa Francisco que tem sempre “uma palavra de esperança para a humanidade” e, por isso constitui “uma ajuda indispensável a todos os homens de boa vontade”.

José Guilherme Reis Leite é doutorado em História contemporânea, investigador  e comentador político. Foi presidente do Parlamento Regional e deputado à Assembleia da República.

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