Ouvidor de Vila Franca desafia Igreja a rever a sua identidade

“Já cansa tantas análises e pensamentos pios e respostas sem consequência práticas”, diz padre José Alfredo Borges

Inovar as catequeses com “novos métodos e novos catecismos” é o principal desafio identificado pelo ouvidor de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo, depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.

“A catequese está instalada na ouvidoria de forma muito profunda: 95% das crianças, jovens e adolescentes de Vila Franca, participam na catequese e este filão tem que ser muito bem aproveitado e preparado pela Igreja. Neste sentido, a prioridade, que dará bons e saborosos frutos, será mesmo a catequese, estou certo”, afirmou o padre José Alfredo Borges.

Por outro lado, o ouvidor da antiga capital da ilha espera que o Sínodo Mundial da Igreja “seja um momento de viragem e conversão completa e autêntica”.

“A Igreja não pode perder mais tempo nem investir mais energias em boas e pias intenções” refere o responsável lembrando que há questões essenciais que têm de ser revistas de forma clara.

“Por vezes, penso que ‘Estamos em agonia de morte ou em solenes exéquias sinodais?’ Outras vezes, vejo que estamos em ponto-morto! Nem sim nem não” mas, de vez em quando, “há sinais de vida, que nos chegam como choques reanimadores de um coração enfermos” refere.

“Recordo-me numa assembleia que se fez aqui em Vila Franca para ouvirmos as bases, dentro deste Caminho Sinodal, nos seus diversos quadrantes (Religiosos, Civis, Sociais, Políticos…), sobre os diversos assuntos da Sociedade e da Religião. Foi deveras positivo e de elevada qualidade, uma das conclusões práticas e simples porque teve diretamente haver com a questão fraturante da ‘comunhão aos recasados.’ A Comunidade reunida ali disse: isto é uma questão de fé, não de estado de vida! Aqueles que participam, celebram, acreditam e desejam se aproximar da Comunhão de Jesus e com Jesus, não podem jamais ser excluídos!”.

“A comunhão sacramental é uma questão de necessidade não um prémio. A comunhão sacramental é compromisso para ser melhor cristão e não recompensa pelas coisas boas que se fazem”, afirmou ainda.

O sacerdote afirma, por isso, que a proposta da Caminhada Sinodal “é revermos a nossa identidade enquanto Igreja”, isto é,  “não ficarmos apenas e somente no aspeto festivo e celebrativo da Vida Cristã, mas avançarmos para uma transformação em Igreja Viva. Estamos há três anos nisso… Já cansa tantas análises e pensamentos pios e respostas sem consequência práticas”.

Questionado sobre as consequências da pandemia, dado que a ouvidoria de Vila Franca foi uma das mais afectadas, vivendo cercas sanitárias prolongadas, o sacerdote fala de uma “hipersensibilidade individual e agressividade com os outros, um sentimento de insegurança, várias manifestações de comodismos e egoísmos, divórcios, depressões, desinteresse em participar nas celebrações e iniciativas Cristãs”, entre outros aspetos.

Nesta entrevista que vai para o ar este domingo o ouvidor de Vila Franca fala do modo como na ouvidoria se vive este tempo de sede vacante, da necessidade de elevar a Ermida de Nossa Senhora da Paz a Santuário Diocesano e da Crença, o jornal que é propriedade da paróquia de São Miguel Arcanjo, onde é pároco.

A entrevista, além de se poder ouvir aqui, no Sítio Igreja Açores, será emitida na Antena 1 Açores, no Rádio Clube de Angra e em mais de três dezenas de rádios da diáspora açoriana.

 

 

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