Papa convida a rejeitar «pequenos ídolos» do poder e da riqueza

Francisco preside à Missa no Dia de Reis e evoca exemplo de quem procurou o Menino Jesus em Belém, longe dos luxos

O Papa Francisco presidiu hoje à Missa do Dia de Reis, no Vaticano, e disse que o exemplo destas três figuras deve levar os cristãos a rejeitar os “pequenos ídolos” e procurar Jesus onde menos se espera.

“Estes são os esquemas mundanos, os pequenos ídolos a quem prestamos culto: o culto do poder, da aparência e da superioridade. Ídolos que prometem apenas tristeza e escravidão”, declarou, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.

O Papa elogiou os Magos que “tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do indefeso, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus”.

O cristão que imita os Magos, acrescentou, vai “à periferia, à fronteira, aos lugares não evangelizados”, para poder encontrar-se com “o seu Senhor”.

Estes homens, que foram de “terras distantes” ao encontro de Cristo, souberam “ver e adorar”, precisou, porque estavam abertos à novidade.

“Os Magos dão-nos, assim, o retrato da pessoa crente, da pessoa que tem nostalgia de Deus; o retrato de quem sente a falta da sua casa: a pátria celeste”, realçou.

Esta “nostalgia santa”, sublinhou Francisco, representa  “a memória crente que se rebela contra tantos profetas de desgraça” e mantém viva a esperança.

“Impelido pela sua fé, o crente «nostálgico» vai à procura de Deus, como os Magos, nos lugares mais recônditos da história, pois está seguro, em seu coração, de que lá o espera o seu Senhor”, precisou.

Pelo contrário, o palácio de Herodes, que distava poucos quilómetros de Belém, era marcado pelo sono de quem dormia “sob a anestesia duma consciência cauterizada” e ficou perturbado perante a notícia do nascimento de Jesus.

“É a perturbação que nasce no coração de quem quer controlar tudo e todos; uma perturbação própria de quem vive imerso na cultura que impõe vencer a todo o custo, na cultura onde só há espaço para os «vencedores» e a qualquer preço”, explicou o Papa.

Francisco desafiou todos a descobrir este “Rei desconhecido” que “não humilha, não escraviza, não aprisiona”.

“Descobrir que o olhar de Deus levanta, perdoa, cura. Descobrir que Deus quis nascer onde não o esperávamos, onde talvez não o quiséssemos; ou onde muitas vezes o negamos. Descobrir que, no olhar de Deus, há lugar para os feridos, os cansados, os maltratados e os abandonados: que a sua força e o seu poder se chamam misericórdia. Como é distante, para alguns, Jerusalém de Belém”, assinalou.

Durante a cerimónia, seguindo a tradição, foi anunciada a data da Páscoa deste ano (16 de abril) e as festas litúrgicas que lhe estão associadas.

A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se sempre a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil; nos outros países, assinala-se no segundo domingo depois do Natal, como acontece em Portugal, no próximo dia 8.

O “Dia de Reis” é uma das festas tradicionais mais singelas celebrada em todo o mundo católico. Neste dia comemora-se a visita de um grupo de reis magos, vindos do Oriente, para adorar a “Epifania do Senhor” ou seja, o nascimento de Jesus.

 

A tradição dos primeiros séculos, seguindo a verdade da fé, evidenciou que eram três os reis magos: Melquior, Gaspar e Baltazar. Até o ano 474 seus restos estiveram sepultados em Constantinopla, a capital cristã mais importante do Oriente, depois foram trasladados para a catedral de Milão, na Itália. Em 1164 foram transferidas para a cidade de Colônia, na Alemanha, onde foi erguida a belíssima Catedral dos Reis Magos, que os guarda até hoje.

 

No século XII, com muita inspiração, São Beda, venerável doutor da Igreja, guiado por uma inspiração, descreveu o rosto dos três reis magos, assim: “O primeiro, diz, foi Melquior, velho, circunspecto, de barba e cabelos longos e grisalhos… O segundo tinha por nome Gaspar e era jovem, imberbe e louro… O terceiro, preto e totalmente barbado chamava-se Baltazar (cfr. “A Palavra de Cristo”, IX, p. 195)”.

 

(Com ECclesia)

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