Papa presta homenagem aos “mártires” da Eslováquia

O Papa presidiu hoje em Kosice, no leste da Eslováquia, à Divina Liturgia em rito bizantino, numa homenagem aos católicos desta comunidade que foram perseguidos durante o regime comunista, no século XX.

“Penso nos mártires que deram testemunho do amor de Cristo nesta nação em tempos muito difíceis, quando tudo aconselhava a ficar calado, pôr-se a seguro, não professar a fé. Mas não podiam deixar de testemunhar. Quantas pessoas generosas sofreram e morreram aqui, na Eslováquia, por causa do nome de Jesus”, disse, perante milhares de pessoas reunidas no Campo Desportivo de Presov.

Em 1950, a Igreja Greco-Católica (de rito bizantino e em comunhão com o Papa) foi abolida pelo regime comunista da antiga Checoslováquia.

Francisco destacou que ainda hoje, noutras partes do mundo, “há quem persiga os cristãos”, e convidou a um testemunho “claro” de fé.

“A testemunha que tem a cruz no coração, e não apenas ao pescoço, não vê ninguém como inimigo, mas vê a todos como irmãos e irmãs por quem Jesus deu a vida. A testemunha da cruz não recorda as injustiças do passado nem se lamenta do presente”, declarou.

A reflexão sublinhou a “lógica da cruz”, que rejeita um “Cristianismo de vencedores, um Cristianismo triunfalista, que tenha relevância e importância, receba glória e honra”.

“Um cristianismo sem cruz é mundano e torna-se estéril”, advertiu o pontífice.

O Papa realçou que este caminho de sofrimento, assumido por Jesus Cristo, aconteceu “para que não houvesse na terra ninguém tão desesperado que não conseguisse encontrá-lo, até mesmo na angústia, na escuridão, no abandono, no escândalo da sua miséria e dos próprios erros”.

“Deus assumiu até o nosso abandono. E agora, com Ele, nunca mais estamos sozinhos, jamais”, acrescentou.

Na festa litúrgica da Exaltação da Santa Cruz, Francisco desejou que os “incontáveis” crucifixos que existem nas igrejas, casas, carros de todo o mundo sejam sinal de abertura de coração a Deus.

Se não fizermos assim, a cruz permanece como um livro não lido, cujo título e autor são bem conhecidos, mas que não influencia a vida. Não reduzamos a cruz a um objeto de devoção, e menos ainda a um símbolo político, a um sinal de relevância religiosa e social”.

A homilia sublinhou a importância de conservar a memória dos mártires cristãos, “que deram a vida amando até ao fim”.

“São os nossos heróis, os heróis da vida quotidiana; e são as suas vidas que mudam a história. As testemunhas geram outras testemunhas, porque são dadoras de vida. É assim que a fé se espalha”, acrescentou Francisco.

A liturgia em rito bizantino foi celebrada em latim, em eslovaco, língua oficial do país, e em eslavo eclesiástico, o “paleoslavo” – língua histórica que remete à missão dos Santos irmãos Cirilo e Metódio (séc. IX), evangelizadores do leste europeu e criadores de um alfabeto próprio, o cirílico -com orações em ucraniano, húngaro e rom.

Esta tarde, o Papa encontra-se com membros da comunidade cigana em Kosice e participa numa festa com jovens católicos, no Estádio Lokomotiva.

A 34ª viagem internacional do potnficado começou este domingo, em Budapeste, onde Francisco encerrou o Congresso Eucarístico Internacional, e encerra-se esta quarta-feira com a Missa no Santuário Nacional de Sastin, na Eslováquia.

(Com Ecclesia)

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