Peregrinos da Serreta convidados a pôr de parte resistências que impedem a missão

Bispo de Angra diz que ser cristão é testemunhar com gestos a palavra de Deus

O bispo de Angra desafiou esta tarde os peregrinos do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, a aprender com Maria e São José o desafio do testemunho e da missão.

Na homilia que proferiu na missa da festa da Serreta, a mais importante festa de verão na ilha Terceira, que mobiliza milhares de peregrinos em romaria até ao Santuário mariano, D. João Lavrador afirmou que todos os cristãos são chamados a ser agentes de transformação do mundo.

“A partir da nossa condição humana temos de colocar a questão sobre o lugar de Deus na nossa vida e tal como Maria, que é chamada a comprometer-se na história do filho de Deus, também nós somos chamados a transformar o mundo, a sociedade, a partir da palavra de Deus e do seu próprio olhar”.

“Olhando para o tempo presente, precisamos de nos comprometer seguindo a nossa fé” pois “pertence-nos a nós sermos testemunhas de Jesus Cristo na comunidade cristã e no mundo, através da nossa simplicidade, da nossa pobreza, da nossa humildade”, esclareceu ao salientar que é preciso vencer as resistências e os obstáculos que tantas vezes são criados “como desculpas”.

“Quantas e quantas desculpas damos para não nos empenharmos na missão que Jesus teceu para nós” referiu o prelado diocesano enumerando várias questões que exemplificam a falta de empenho dos cristãos.

“Temos comunidades com tão pouca força apostólica, tanta falta de testemunho,  faltam tantas pessoas que se empenhem na vida comunitária. É tempo de dizer basta e assumirmos o compromisso” referiu.

O bispo de Angra lembrou, a este propósito, a caminhada sinodal diocesana, que entra no seu terceiro ano, para frisar que este “é o momento crucial” para os cristãos “participarem e comungarem da missão”.

“Depois de uma reflexão aturada sobre a realidade, este ano vamos debruçar-nos sobre a missão: como é que hoje podemos ser missionários” lembrou salientando o que a Igreja tem de se virar para o exterior.

“Deixamos de olhar para dentro e passamos a olhar para fora: ser pobre com os pobres; humildes como os mais humildes; o que temos é para ser partilhado; não é para nós nem para nosso proveito, mas na simplicidade de que tudo é obra de criador e nós somos apenas criaturas”, sublinhou.

“Somos todos irmãos, filhos de Deus e por isso todas as nossas acções e opções, seja na vida mais simples seja nas grandes decisões, todos temos de ter consciência de que somos irmãos” referiu.

“Deixemo-nos cativar por esta palavra e por este testemunho tão vivo de Nossa Senhora e de São José,  que nos convida a deixar as resistências de parte” disse D. João Lavrador.

“Estamos sedentos e sequiosos de algo que alimente e refresque a nossa existência;

escutamos a palavra e participamos na eucaristia, mas a mesma palavra ajuda-nos a situar-nos no contexto do nosso mundo, e da nossa Igreja e por isso temos de partir em missão”, concluiu.

A festa da Serreta é a mais importante romaria de verão dos Açores mobilizando milhares de peregrinos, sobretudo na semana que precede a festa. Este ano devido às contingências da pandemia, foram mantidas algumas regras de distanciamento físico que obrigou a definir lotações para os diferentes momentos da festa. Este domingo, por exemplo, foram celebradas quatro missas solenizadas para que os peregrinos pudessem participar sem constrangimentos.

A festa, sintonizada com a caminhada sinodal diocesana- A beleza de caminharmos juntos em Cristo: caminho, verdade e vida- ressalvou o papel de Maria como o refúgio e o caminho até Deus.

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