Piedade Popular tem de traduzir-se em ações concretas na vida quotidiana, diz Vigário Episcopal para São Miguel

Cónego Adriano Borges proferiu conferência na abertura das festas de Nossa Senhora da Oliveira, em Ponta Delgada

A piedade popular pode ser “um bom instrumento de evangelização” se “for consequente”, disse o Vigário Episcopal para as ilhas do Oriente- São Miguel e Santa Maria- na conferência que proferiu este sábado à noite na abertura das festas de Nossa Senhora da Oliveira, na Fajã de Cima, em Ponta Delgada.

O cónego Adriano Borges que percorreu a história da devoção portuguesa a Nossa Senhora, nas suas diferentes invocações, mas em especial a de Nossa Senhora da Oliveira, padroeira de uma das freguesias limítrofes de Ponta Delgada e a única em São Miguel que tem este invocação, ligada à agricultura, lembrou que os Açores são ricos em manifestações de religiosidade popular mas “é tempo” de lhe acrescentarmos o Evangelho.

“A religiosidade popular por vezes assenta em mitos e superstições, o que é preciso esclarecer” e pressupõe uma atitude diferente na relação entre Deus e os açorianos, avançou o sacerdote, que atualmente é também reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo.

“Um gesto isolado de penitência é importante; ajuda na relação com o divino mas não chega. Os cristãos têm de ser consequentes e no seu dia-a-dia, tornar presente a sua fé através de uma conduta baseada no Evangelho”, disse ainda. “Só assim prosseguiremos no caminho da evangelização”.

O Cónego Adriano Borges que é professor convidado de História da Igreja no Seminário de Angra dissertou ainda sobre a importância do culto mariano em Portugal, desde os primórdios da formação do reino, em Guimarães, até aos nossos dias com a Virgem Peregrina de Fátima.

De salientar que existem cerca de 2000 oráculos dedicados a Nossa Senhora; só em São Miguel são cerca de 200.

O sacerdote terminou a sua reflexão desafiando os paroquianos da Fajã de Cima a avaliarem como desenvolvem a sua religiosidade e de que forma a podem melhorar.

As festas de Nossa Senhora da Oliveira começaram a novena preparatória este sábado. Os pontos altos da festa realizam-se no próximo fim de semana, com missa e procissão solenes no domingo, e serão presididas pelo Reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico, Pe Marco Martinho.

Aliam à componente religiosa um vasto programa cultural com noite de fados, música popular, rallye paper e bodo de leite.

A festa que se prolonga até ao dia 28 de agosto será acompanhada  por quatro filarmónicas: Lira Nossa Senhora da Saúde; Voz do Progresso da Conceição da Ribeira Grande, Banda Lira de São Roque e Lira Nossa Senhora da Oliveira. Haverá igualmente uma participação do grupo folclórico de Santa Cecília.

A Fajã de Cima dispõe de umas das mais bonitas vistas sobre a cidade de Ponta Delgada. Nesta “ freguesia miradouro” é possível vislumbrar tanto o litoral como o interior da verdejante ilha de S. Miguel, dada a sua localização geográfica.

O nome da freguesia, segundo relata o historiador Gaspar Frutuoso no livro “Saudades da Terra” deriva do facto de “estar assente em terreno chão e de cima, para distinguir de uma outra que fica um pouco mais abaixo e se denomina “Fajã de Baixo”.

De acordo com os dados dos Censos de 2011 vivem na Fajã de Cima 3.434 habitantes. A freguesia ocupa uma área de 11,9 quilómetros quadrados.

Na génese da Freguesia está a excelência das suas férteis terras e pastos. Não admira, pois, que boa parte da população continue, ainda hoje, ligada ao sector primário (agricultura e pecuária). Todavia, tendo em conta o aumento da qualificação dos habitantes as actividades do sector secundário e terciário ganharam maior peso.

A aposta mais evidente nos últimos anos foi a recuperação do Moinho de Vento da Tia Faleira. Foi possível recuperar todas as peças da engrenagem do moinho de vento e pô-lo novamente a funcionar.

A festa prosseguiu este domingo com um cortejo alegórico.

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