Pobreza “facilita” desintegração familiar

A opinião é de Joaquim Bastos e Silva, engenheiro católico, que exorta a igreja a “olhar mais para a realidade concreta”

“Há muitas famílias exemplares, vivendo na pobreza mas reconheço que é um dos grandes factores de desintegração familiar, muitas vezes conduzindo à família monoparental” disse esta sexta feira ao Sítio Igreja Açores Joaquim Bastos e Silva, engenheiro católico e comentador em vários programas de televisão e rádio nos Açores.

No dia Internacional da Família, que se assinala esta sexta feira, Bastos e Silva refere que “nestes casos seria fundamental que as instituições (Igreja e Escola) pudessem fazer um maior acompanhamento das crianças para, através do sucesso escolar e do ensino de valores, se possa promover a sua integração na sociedade”.

Questionado pelo Sítio Igreja Açores sobre as expetativas em relação ao Sínodo que vai ocorrer em outubro próximo, centrado nas questões da família, o engenheiro que tem dois filhos, diz que “face aos milhões de católicos divorciados, espalhados pelo mundo, muitos expressando frustração sobre o seu estatuto na Igreja, o Vaticano, que iniciou um reexame para avaliar como deve integrá-los, deveria seguir o exemplo da conferência episcopal alemã que considera que a Igreja deve rever as suas regras para que os católicos divorciados, mesmo recasados, possam fazer o seu regresso pleno à Igreja, em particular recebendo a comunhão”.

Joaquim Bastos e Silva vai mesmo mais longe e diz esperar que, a partir de outubro,  “prevaleça a fação progressista” dos bispos, “os que querem mudança na Igreja, que têm uma posição apoiada pelo Papa Francisco, que não é obviamente imparcial”.

A este respeito recorda que os documentos preliminares do sínodo extraordinário de Outubro de 2014 tinham um “tom pastoral que dava eco às palavras do Papa Francisco”, lembrando que a Igreja deve enfrentar “os problemas reais do mundo” e preocupar-se com as “famílias feridas”, compreendendo que as situações irregulares como o divórcio “não são, em muitos casos, escolhas, são antes o resultado imposto pelas contingências e as dificuldades da vida”.

“Espero que este espírito “Vaticano II” que produziu mudanças tão significativas há 50 anos, seja retomado sob a égide do Papa Francisco”, adiantou ainda.

Neste dia Internacional da Família que está a ser celebrado em toda a diocese de Angra com várias iniciativas integradas na Semana da Vida, que termina no domingo, o cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que o debate sobre a família tem de “ir a passo”, não “a galope”, e valorizou o facto do Papa Francisco ter escolhido esta temática para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Num encontro com jornalistas para apresentar a aplicação móvel ‘Missas em Lisboa’ e para comentar a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala este domingo, D. Manuel Clemente referiu que o debate do Sínodo dos Bispos acontece “em ligação à Igreja toda”.

“Nas nossas dioceses consultamos os movimentos e os responsáveis pela pastoral familiar e tudo isso tem de estar presente. Portanto, não pode ir a galope, tem de ir a passo e um passo muito ponderado para que não descolemos, como bispos, da realidade eclesial que servimos”, sublinhou.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa constatou que o debate mediático sobre a família está a ter “muito impacto” no debate sinodal.

“A presença dos media é realmente muito forte e tem uma velocidade que depois desafia à ponderação que também é preciso haver nestes assuntos”, sublinhou o cardeal-patriarca de Lisboa.

 

“Nas assembleias sinodais sente-se de uma maneira muito premente que temos de falar, debater, mas sempre como representantes verdadeiros e informados, e por isso prudentes, de uma realidade muito vasta que é a realidade familiar”, acrescentou.

  1. Manuel Clemente considera que “em boa hora” o Papa Francisco “juntou as duas referências, a do Dia Mundial das Comunicações Sociais e esta da família que a Igreja está a debater”.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada ‘Comunicar a família. Ambiente privilegiado do encontro, na gratuidade do amor’, refere-se ao “tema da família”, às “comunicações sociais” e à “sociedade que precisa de se encontrar como comunidade”.

“É preciso que gostemos das pessoas ao ponto de estarmos sempre motivados para resolver os problemas nossos e os dos outros, que são nossos também”, sustentou D. Manuel Clemente, afirmando que é na família é o local de aprendizagem dessas atitudes.

“A sociedade precisa de se encontrar como comunidade”, defendeu D. Manuel Clemente, que representará, com D. Antonino Dias, a Conferência Episcopal Portuguesa na assembleia do Sínodo dos Bispos de outubro próximo.

CR/Ecclesia

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