“Quando se é jovem e se deseja a missão não devemos colocar essa vontade na gaveta”, refere Pe. Bruno Esteves Rodrigues

Sacerdote faialense está envolvido numa missão no Lubango, região de Angola onde desenvolve um projeto solidário dinamizado pelas Irmãs de Santa Doroteia

Assinala-se este domingo o Dia das Missões, num ano em que o Papa Francisco desafiou a Igreja a celebrar em outubro o Mês Missionário Extraordinário e, em declarações ao Igreja Açores, o Pe. Bruno Rodrigues lembra que “quando se é jovem e se deseja a missão não devemos colocar essa vontade na gaveta”.

O sacerdote faialense tem participado em várias missões em Angola, concretamente na arquidiocese do Lubango, onde está a ser desenvolvido o projecto MELIKA, destinado a mulheres e desenvolvido pelas Irmãs religiosas de Santa Doroteia.

Paralelamente, o sacerdote tem procurado apoios nos Açores para fomentar a educação das crianças desta zona de Angola, nomeadamente através da construção de salas de aula, em blocos e tijolo, de forma a garantir uma maior perenidade dos espaços. A criação de fornos para cozer pão para alimentar os alunos e a construção de furos de água para garantir o fornecimento de água nesses espaços tem sido o grande “cavalo de batalha” dos missionários que arregaçaram as mangas e estão ligados ao projeto açoriano de apoio a crianças, jovens e mulheres.

“Aquilo que fazemos em Angola não é uma visita nem uma aventura” refere o sacerdote acerca da missão no Lubango, lembrando que na troca de relações, quando se está em missão, quem fica a ganhar “é sempre o missionário”.

“Aquilo que nós damos é pouco em relação ao que nos dão” e há uma “coisa que é abundante” refere: “a  partilha. O essencial não está em termos uma casinha com muitos eletrodomésticos, mas estarmos juntos e se alguém tem dúvidas sobre isso a missão acaba com certos mitos”.

“Nós acabamos sempre por ser uma grande família” conclui o sacerdote que lembra o momento em que as ilhas foram afetadas recentemente pela passagem do furacão Lorenzo e todos os que tinham com ele contactado na missão “reagiram, ligaram e preocuparam-se” disse ainda.

A Igreja Católica está a viver desde o passado dia 1 de outubro um “Mês Missionário Extraordinário”, por decisão do Papa, que procura promover comunidades mais abertas e dispostas a anunciar a sua fé.

Francisco anunciou formalmente a convocação deste mês especial em outubro de 2017, para assinalar o centenário da promulgação da Carta Apostólica ‘Maximum illud’, do Papa Bento XV.

O Papa espera que esta iniciativa sirva de estímulo para “superar a tentação frequente que se esconde por detrás de cada introversão eclesial, de todo o fechamento autorreferencial nas próprias fronteiras seguras, de qualquer forma de pessimismo pastoral”.

“Não temamos empreender uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação”, refere, na carta de convocação deste Mês Missionário Extraordinário.

Em Portugal, esta iniciativa foi precedida desde outubro de 2018 por um Ano Missionário especial em todas as dioceses católicas do país, com um convite da Conferência Episcopal, na sua Nota Pastoral ‘Todos, Tudo e Sempre em Missão’: “Sair. Irmos até uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país em missão, para sentirmos que somos chamados por vocação a sermos universais”.

Na reta final da iniciativa, D. António Couto, bispo de Lamego, considera ser necessário ter a consciência de que há muito por fazer para construir, como o Papa Francisco pede, “uma Igreja que caminhe”, ao lado de todos.

A docilidade, a franqueza, as portas abertas, isso é o mínimo que nós podemos fazer. Acho que não fizemos o nosso trabalho de casa”, referiu o prelado, conferencista nas Jornadas Missionárias 2019 que decorreram em Fátima, entre sábado e domingo.

Na Nota Pastoral ‘Todos, Tudo e Sempre em Missão’, a Conferência Episcopal Portuguesa defende a necessidade de passar de uma “pastoral de mera conservação” para “uma pastoral decididamente missionária”, reforçando o apelo à criação de Centros Missionários Diocesanos e Grupos Missionários Paroquiais.

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