Grande impulso na devoção a Madre Teresa da Anunciada

Por António Pedro Costa

Tendo em vista impulsionar o culto de Madre Teresa da Anunciada, realizou-se no passado domingo a procissão do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, que saiu da Igreja de S. Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, templo onde fora batizada aquela Clarissa, que estimulou mais tarde a devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, no Mosteiro da Esperança, em Ponta Delgada.

Foi diante da Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, que Madre Teresa, ainda criança, iniciou a sua devoção à paixão de Cristo, visitando amiúde a Igreja dos Frades, conhecida também por Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe, para se deter em oração. Desta vez, foi a Imagem de Cristo da Coluna que visitou a Igreja e a casa onde nasceu a Clarissa Teresa da Anuciada, que morreu com fama de santa e que o povo micaelense venera com respeito e devoção.

Na missa solene realizada na Igreja de S. Pedro, o Capelão da Santa Casa da Misericórdia, Pe. Manuel Galvão, incitou o povo a perseverar na oração para que se apresse o processo de Beatificação de Madre Teresa da Anunciada. Na sua homilia disse “que a espiritualidade da chamada Freira do Senhor Santo Cristo é de uma riqueza extraordinária e está em perfeita conformidade com a doutrina teológica da Igreja. Ela abrange as três Pessoas da Santíssima Trindade, para com as quais tem ricas expressões do mais alto respeito e veneração dentro dum verdadeiro sentido teológico.

Tem também um grande amor e veneração para Maria Santíssima, Mãe de Deus, a quem chama a Gloriosíssima Senhora. O mistério da redenção dominava todos os sentimentos e actos da vida de Madre Teresa e era por assim dizer o inspirador e alimento da sua vida espiritual.

Desde criança que Teresa sentia grande inclinação pela solidão do seu quintal na Ribeira Seca, para onde se retirava frequentemente. Aí, a sós com Deus, meditava e orava. Despontava nela a vocação para a vida contemplativa que iria terminar na sua consagração a Deus no Convento da Esperança, em Ponta Delgada, onde a santidade da sua vida atingiria o seu auge.

Sentia grande alegria e prazer em acompanhar sua mãe nas frequentes visitas que fazia sobretudo à Igreja de São Francisco, na Ribeira Grande, onde se encontra a Imagem de Cristo flagelado e amarrado à coluna da flagelação. É a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, imagem bela e comovedora que deve ter emocionado a alma sensível de Teresa muito inclinada, já naquela idade à meditação de Cristo flagelado.

A espiritualidade de Teresa era correta, forte, generosa e penitente. Agradou a Deus e Deus serviu-se da sua serva para incutir no nosso povo os mesmos sentimentos de amor e devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres”.

Por isso, foi um momento histórico a passagem da Imagem do Senhor Santo Cristo, pela primeira vez pelas ruas da Ribeira Seca, terra natal de Madre Teresa, cuja procissão se deteve junto ao seu busto, e onde o grupo coral Inter-paroquial da Ouvidoria da Ribeira Grande, sob regência de Imaculada Gaudêncio, entoou o conhecido e sempre comovedor hino do Senhor Santo Cristo.

O mesmo aconteceu junto da casa onde aquela clarissa nasceu, encontrando-se devida e belamente decorada com uma imagem de Madre Teresa, de autoria de Emanuel Freitas, em que a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, apesar da chuva, se deteve por alguns instantes, moradia aquela que se situa em frente à bonita Ermida do Senhor da Paciência, que aquele artista primou pela sua decoração para um momento tanto expressivo e histórico.

No dia anterior realizou-se uma solene vigília na Igreja Paroquial perante a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, muito participada pelo povo da Ribeira Seca e arredores, e que no domingo se aprimorou, com grande devoção, para decorar com belíssimos tapetes de flores as ruas por onde passou a procissão. Apesar da chuva, o povo não arredou pé e foi levar a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Terceiros de volta à Igreja dos Frades, onde permanece durante todo o ano, acto religioso presidido pelo Ouvidor da Ribeira Grande, Pe. Vítor Medeiros, e autoridades locais e pelas filarmónicas do Divino Espirito Santo da Maia e Progresso do Norte de Rabo de Peixe.

Scroll to Top