Reitor do Seminário insiste na necessidade de se “fazer mais” pela captação de alunos

Pe Hélder Miranda Alexandre defende um maior empenho do clero no fomento de vocações

O reitor do Seminário Episcopal de Angra, Pe Hélder Miranda Alexandre, apela aos colegas sacerdotes para “acarinharem” mais a instituição diocesana fomentando uma “verdadeira pastoral vocacional” em cada uma das paróquias, sobretudo na ilha Terceira.

Em declarações ao Portal da Diocese na véspera da abertura de mais um ano letivo, o responsável máximo da equipa formadora do Seminário de Angra sublinha as dificuldades que existem no recrutamento de novos alunos, sobretudo na segunda ilha mais populosa do arquipélago.

“Nós temos apenas um seminarista da Terceira e isso é muito preocupante porque o seminário está próximo de casa; temos de perceber o que é que está a falhar”, diz o reitor lembrando que  “já” debateu o problema com os colegas sacerdotes , mas “há uma pastoral vocacional que não está a ser desenvolvida nem fomentada”, mesmo reconhecendo  que “tradicionalmente nunca foi fácil ter seminaristas da ilha”.

Aliás, prossegue, “as igrejas da Terceira não têm juventude. Até os acólitos são pessoas já formadas, com uma certa idade. Por isso, a ideia do Pe Duarte Rosa de formar uma espécie de escola inter-paroquial de acólitos seria interessante”, refere o responsável.

“Há um evidente desinteresse dos colegas e perdoem-me o desabafo mas estão aqui e nunca visitam o Seminário. Tenho a certeza de que se o Seminário estivesse em São Miguel isso não iria acontecer. Temos de nos empenhar todos um bocadinho mais”, conclui.

Este ano entram para o Seminário quatro novos alunos, todos oriundos de São Miguel, concretamente das paróquias de Ponta Garça, Relva e Pilar da Bretanha, que ainda assim não compensam as saídas verificadas no último ano letivo.

“É uma preocupação e até nos causa algum desânimo mas ao mesmo tempo obriga-nos a refletir, sobretudo à equipa formadora, sobre o modo como devemos ensinar e lidar com esta juventude que por vezes nos chega com interrogações e projetos que estão longe do que nós esperaríamos”.

O ano letivo começa a 17 de setembro, com quatro alunos no ano zero e dois no sexto ano, mas só um deverá ser ordenado sacerdote . Trata-se de Pedro Aguiar, das Lajes, ilha do  Pico, que juntamente com Gaspar Pimentel da Achada, no Nordeste, deverão ser ordenados diáconos ainda este ano. O jovem micaelense deverá ter de aguardar, no entanto, mais um ano para ser ordenado presbítero, por causa da idade.

“A entrada de novos alunos é sempre uma novidade e este ano temos um com 31 anos, que traz já uma experiência de vida e uma maturidade que podem ser interessantes, mas acolhemo-los todos com muita esperança”.

Além das entradas de alunos há uma saída da equipa de docentes. O Pe José Nunes, que lecionava Teologia aposentou-se e a cadeira será dada por outro professor. No total serão 12 os professores para 17 alunos.

“Esta questão é muito relevante. A comunidade está a ficar pequena demais e abaixo dos 15 alunos, julgo que teremos de pensar outra estratégia” admite o reitor que, no entanto, continua a acreditar na sustentabilidade da casa.

“A redução do número de alunos não é exclusiva dos Açores. No continente há algumas dioceses que têm comunidades mais significativas mas porque apostaram na junção da formação inter-diocesana”, destaca o Pe Hélder Miranda Alexandre.

De resto, reconhece que a diminuição do número de alunos é também um problema a mais para os requisitos da “acreditação” do Plano de Estudos pela Universidade Católica.

“Com menos alunos, os nossos argumentos ficam também mais fragilizados e, sinceramente, não entendo porque é que a Universidade Católica está a demorar tanto tempo em dar-nos uma resposta”, lamenta o Pe Hélder Miranda Alexandre.

Este ano haverá a introdução no plano curricular das cadeiras da área da sociologia – “já de acordo com indicações da Católica”-, para as quais contrataram uma docente e uma intensificação da formação pastoral dos futuros sacerdotes, sobretudo no último ano.

“ O nosso maior desafio volta a ser o de sempre: formar bem e para isso procuramos acompanhar todos os alunos de uma forma ainda mais próxima”.

Durante este ano letivo será, ainda, publicada uma obra a propósito dos 150 anos do Seminário Episcopal de Angra, que reúne textos e depoimentos de alunos, ex alunos e professores.

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