Semana nacional da Cáritas apela ao cuidado pelo planeta “em perigo” e pelos mais pobres

Diocese de Angra aposta no peditório e em ações de sensibilização na luta contra  pobreza

A Cáritas diocesana , integrada na Semana Nacional da Cáritas, que decorre entre 26 de fevereiro e 4 de março, vai celebrar diversas atividades tendo como preocupações centrais o combate à pobreza e o cuidado da natureza.

“É este o grande foco que temos” disse ao Igreja Açores a presidente da Cáritas diocesana, Anabela Borba sublinhando a importância do combate à pobreza e à exclusão numa lógica assente no cuidado pela natureza e pelo desenvolvimento humano.

Este ano a Campanha Nacional tem como rosto um jovem açoriano integrado no programa “Nossas Quintas”, uma marca criada a partir do projecto “Terra Nostra – Capacitação com Raízes” desenvolvido pela Cáritas da ilha Terceira e viabilizado através do apoio financeiro do programa “EDP Solidária”.

“Foi escolhido um rosto açoriano de um jovem que está no nosso projecto. É uma alegria porque também é um reconhecimento do nosso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido tendo em conta a necessidade de integração e inclusão dos jovens”, acrescentou a responsável.

Durante a Semana Nacional da Cáritas, a ilha Terceira promove o peditório habitual, a que associará uma série de actividades na Praça Velha, em Angra do Heroísmo mas também palestras nos dois concelhos terceirenses, nomeadamente nas escolas Tomás de Borba e Vitorino Nemésio, sobre a encíclica “Laudato Si”, do Papa Francisco na qual se aborda a necessidade de uma ecologia integral, que concilie o cuidado da natureza e o cuidado do homem.

O Auditório do Ramo Grande vai receber uma exposição das formandas da Cáritas da Praia da Vitória e no dia 3, às 20h00, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra acolherá a conferência de Manuela Silva, fundadora da Rede Cuidar da Casa Comum, que falará sobre a Encíclica do Papa Francisco “Laudato Si”.

“Há que encontrar uma abordagem integral que permita combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” refere a dirigente da Cáritas Anabela Borba, que convida todos a serem solidários com esta causa.

A escolha do tema ‘Uma só família humana, cuidar da casa comum’ para a Semana Nacional da organização católica, em 2018, procura alertar  para um planeta que tem “em perigo” a sua sobrevivência”.

“Agora temos [situações] onde a água não chega para todos e já não estamos no plano teórico, estamos no plano prático”, adverte Eugénio Fonseca, em entrevista à Agência Ecclesia.

O responsável pela organização católica explica que a Cáritas realiza a sua missão “numa preocupação de ação transformadora”, por isso, “compete-lhe” colaborar com todos os que estão a ver os problemas, “os olham de frente, para que transformem as realidades”.

“Enquanto não tomarmos consciência que somos uma só família, dificilmente haverá preocupações em cuidar da casa que é de todos”, acrescenta.

O presidente da Cáritas Portuguesa realça que, quando existem problemas ecológicos – como “cheias, abalos de terra, alterações climáticas anormais” -, quem sofre são os mais pobres, porque “têm condições de habitabilidade mais fracas, saúde mais débil, capacidade menor de autodefender”.

Eugénio Fonseca recordou que o Papa Francisco, na encíclica ‘Laudato Si’, apresenta o “conceito novo” da “ecologia integral” que engloba os “princípios orientadores” da Cáritas.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, mobilizou a Cáritas a ser um observatório realidade social e, neste âmbito, o presidente da organização católica recorda o princípio metodológico que nasceu na Igreja e passou para a sociedade do “ver, julgar e agir”.

A Cáritas Portuguesa contabilizou menos 7% de pessoas a recorrerem aos seus serviços do que em 2016, mas esse dado não significa que “o esforço tivesse diminuído”, mesmo num país que “mudou em termos económico-financeiros”, porque “há pessoas que encontraram trabalho” mas o “salário não é suficiente para os encargos” devido ao seu sobre-endividamento.

“Muitas pessoas não têm capacidade de refletir as consequências das seduções que são feitas, o Governo devia criar no setor do credito fácil um controlo mais apertado”, refere Eugénio Fonseca.

No âmbito da Semana Nacional Cáritas 2018, que termina este domingo, a partir desta quinta-feira realiza-se o peditório público nas várias localidades portuguesas.

 

(Com Ecclesia)

Scroll to Top