Será que nos tomam por ineptos?!

Por Renato Moura

Será que as forças políticas mediram as justificações que deram para os recentes resultados eleitorais?

Sempre que se obtém um bom resultado, seja qual for o tempo e a eleição, é crescimento; e quando se desce a culpa é do quadro?!

Virar a página e pintar parede, quer significar que se garante, novamente, estar muito forte, a crescer e ser a surpresa?

Sair poderia fazer parecer que se estava completamente farto. E admitindo não ganhar ou até piorar, mas ficar, arras(t)a a mobilização para o “até pode ser este”?!

Perante uma mesma abstenção real e dura, um faz crer grande vitória, outro reconhece: não há propriamente vencedores, mas de qualquer maneira somos os vencedores!

Também se reconheceu que não houve vitória, nem empate, nem derrota; e a desilusão da tenra idade não pode dar cabo do prolongamento?

Outrora havia situação ideológica à direita e à esquerda, à extrema-esquerda, ao centro, ao centro-esquerda e ao centro-direita, e agora inventou-se a “transversal”; é este o nome da salada ideológica para satisfazer o gosto de todos?!

Eles a somar em cima do descrédito!

Durante muitos anos foram feitas manobras financeiras e bancárias que envolveram a perda de centenas de milhões de euros, a falência de bancos, a ruína de depositantes. Será que nos querem convencer que isso ocorreu sem que ninguém desse por nada? Ou que consideremos aceitável que se não descubram os responsáveis pelas tragédias, seja a nível bancário, de supervisão, ou político?

De que nos servem as afirmações de inexistência de custo para os contribuintes, quando na realidade são os (in)conformados contribuintes a pagar as tropelias da banca privada e também a suportar as recapitalizações da Caixa Geral de Depósitos, que concedeu créditos bancários ruinosos, cuja explicação e beneficiados estão por encontrar, assim como os seus responsáveis?

E sabiam que as comissões de inquérito provocam amnésia?

E já reparámos que uma comissão executiva pode voar livremente, sem que a administração a possa fazer aterrar, nem tão pouco quem nomeia os administradores do Estado?!

Seria um nunca mais acabar de constatações.

E só para rematar, uma da Ministra da Cultura: tendo-se noticiado que mais de centena e meia de obras de arte do Estado estavam “desaparecidas”, a culta indignou-se perante a falta de rigor da

notícia (e certamente perante os dicionários), alegando que só se desconhece a localização! Fernando Pessa diria “e esta, hein?”.

Perante ofensas à inteligência, temos o direito à indignação firme e frontal e o dever da denúncia.

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