Serviço Diocesano dos Bens Culturais diz que participação do Resplendor do Senhor Santo Cristo em exposição nacional é uma “distinção” para a região

Comissão de assessoria técnica do Bispo da Diocese de Angra garante que estão reunidas todas as condições de segurança e de proteção da peça para integrar a exposição de joalharia portuguesa do período barroco,  no Museu Nacional de Arte Antiga.

O Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja acaba de emitir um comunicado (clique aqui para comunicado na íntegra »»») em que, “ considera que estão reunidas todas as condições para a participação” do Resplendor do Senhor Santo Cristo, o ex libris do tesouro, na exposição temporária “Esplendor e Glória”, levada a cabo pelo Museu Nacional de Arte Antiga e que integra mais 4 exemplares da joalharia portuguesa do período barroco entre 1756 e 1780, que decorrerá em Lisboa entre julho e dezembro, deste ano.

 

De acordo com o esclarecimento a que o Portal da Diocese teve acesso esta terça feira, “na sequência de várias notícias vindas a público, por ocasião das Festas do Senhor Santo Cristo”, a comissão que assessoria tecnicamente o Bispo de Angra adianta que estão asseguradas todas as condições de “empréstimo” temporário da peça.

 

De resto, a Comissão esclarece que foi o próprio Bispo de Angra que manifestou “desde o principio” a “sua preocupação relativamente à segurança da peça e aos requisitos técnicos necessários e exigíveis numa situação desta natureza”.

 

Antes de emitir um parecer fundamentado “foi enviado à Direção do Museu Nacional de Arte Antiga um documento com as condições técnicas exigíveis em caso de empréstimo, nomeadamente: o tratamento documental da peça, estudo, descrição e inventário, já realizados pelo Professor Rui Galopim de Carvalho, como especialista em gemologia; a contratação de seguro contra todos os riscos, no valor da avaliação do bem (mantido em sigilo por questões de segurança), válido para o transporte e para todo o tempo de permanência; a celebração de um contrato de empréstimo contendo as cláusulas relativas aos vários requisitos exigidos; o acompanhamento do processo e do resplendor, por técnico especializado, com experiência em transporte de bens culturais e por um representante da Diocese”.

 

Em relação às condições de exposição, o comunicado do Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja esclarece que “foi acautelada uma vitrina de alta segurança, com sistema de alarme próprio, e condições ambientais mantidas dentro dos limites definidos, bem como assegurado um sistema de vigilância vídeo, permanente, com gravação e acesso remoto, para além de vigilância presencial, por pessoal especializado”.

 

Como contrapartidas da cedência temporária da peça, “será realizada a sua avaliação técnica e o seu estudo científico, por especialistas da área, e executada uma limpeza por técnicos credenciados do Laboratório José de Figueiredo, uma medida urgente e imprescindível à conservação deste bem patrimonial” assegura ainda o Serviço Diocesano dos bens Culturais da Igreja.

 

As Instituições envolvidas neste evento – Museu Nacional de Arte Antiga e Laboratório José de Figueiredo – “são entidades de referência ao mais alto nível nacional, isentas de qualquer suspeita e merecedoras de toda a confiança”, esclarece o comunicado.

 

A Diocese de Angra foi contactada, em janeiro passado, pela Direção do Museu Nacional de Arte Antiga, no sentido da autorização de cedência temporária do Resplendor pertencente ao Tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres, para incorporar a exposição que irá decorrer entre julho e dezembro, do corrente ano.

 

O resplendor foi considerado, por especialistas da área, uma das cinco mais importantes obras de ourivesaria sacra portuguesa, realizadas entre 1756 e 1780.

 

A exposição será constituída unicamente pelo Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a Custódia da Patriarcal, a Custódia da Bemposta, a Venere das Cinco ordens de D. João V e o Resplendor do Senhor dos Passos da Graça.

 

A Comissão esclarece, ainda, que este convite “enaltece e distingue” não só a peça do tesouro, o qual possui um “ valor afetivo e patrimonial nas suas múltiplas dimensões,  mas também projeta” o culto do Senhor Santo Cristo.

 

De acordo com as expetativas da Direção do Museu, baseada em experiências recentes, estima-se que perto de 100 mil pessoas possam apreciar esta peça, na exposição “Esplendor e Glória” o que “constitui uma distinção e uma oportunidade de divulgar o Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, num contexto em que se reconhece a importância atual do turismo cultural e religioso e as novas formas de peregrinação”, adianta ainda o comunicado.

 

O Museu Nacional de Arte Antiga é o guardião de vários tesouros nacionais, de valor incalculável e é um museu de reputação internacional, que tem recebido peças de diversas instituições mundiais.

 

A Custódia da Sé Patriarcal de Lisboa, uma peça de 17 kg de ouro, cravejada de diamantes, também sairá pela primeira vez para integrar este evento, com a autorização do Patriarca de Lisboa.

 

“O empréstimo para exposições temporárias é uma prática comum a nível mundial, designadamente do Vaticano, sendo exemplo a atual exposição A Herança do Sagrado: Obras-Primas do Vaticano e de Museus Italianos, patente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde estão presentes mais de 100 obras emblemáticas de pintores como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Ticiano e Caravaggio”, esclarece ainda o comunicado do Serviço Diocesano dos Bens Culturais da Igreja.

 

Esta Comissão que assessoria técnica e cientificamente o Bispo de Angra, no que respeita ao património móvel e imóvel da Diocese, é presidida pelo Pe Duarte Melo e integram-na especialistas de diferentes áreas da cultura:  Ana Maria Raposo Fernandes, Igor Espínola de França, Isabel Soares de Albergaria, João Paulo Constância, José de Almeida Mello, Rute Dias Gregório e Susana Goulart Costa.

 

Nos últimos dias, o empréstimo temporário do resplendor do Senhor Santo Cristo tem merecido alguns comentários públicos, contra a decisão da Diocese.

 

A Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres opõe-se à saída da peça do santuário por considerar que não está estudada nem avaliada, sublinhando que não há garantias de segurança e de que a peça regresse aos Açores nas mesmas condições em que sairá.

 

“Ninguém garante o que vão fazer com a peça”, sublinhou o provedor Carlos Faria e Maia, durante uma conferência de imprensa em Ponta Delgada, que antecedeu as Festas, lembrando no entanto que “as joias do Santo Cristo pertencem à Diocese de Angra, pelo que o bispo António de Sousa Braga tem legitimidade para tomar a decisão que entender”.

 

Também o Presidente da Câmara de Ponta Delgada, numa carta sucinta escreveu ao Bispo de Angra assumindo-se como “porta voz” de um conjunto de cidadãos que “nos manifestaram preocupação pela segurança do Resplendor quer no transporte quer durante a exposição”.

 

Na mesma carta, contudo, explicita que em reunião tida com o Diretor Regional da Cultura a este propósito foi “assegurado que estavam reunidas todas as condições necessárias neste tipo de situações”.

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