Sopas comunitárias enchem largo da Matriz de Ponta Delgada “cimentando laços na comunidade”

Iniciativa da Paróquia, em parceria com os comerciantes da baixa, Junta de Freguesia  e Câmara do Comércio e os agrupamentos 1133 de São Pedro e o 1197 de São José do CNE, assinala a festa da Epifania

“Sonhar alto e fazer-se ao caminho, mesmo com a possibilidade de algumas noites escuras e acidentes de percurso” foi o desafio deixado pelo cónego Adriano Borges esta manhã na eucaristia que precedeu um almoço comunitário da paróquia da Matriz de São Sebastião, em Ponta Delgada, que assinalou o fim de semana em que a Igreja está a celebrar a Solenidade da Epifania.

O “sonho”, em concreto este almoço partilhado, feito de sopas e outros bens alimentares, foi apenas o pretexto para “uma dinâmica comunitária” que juntou a paróquia aos comerciantes do centro histórico da cidade, junta de freguesia e escuteiros.

“Isto faz-me lembrar a `sopa da pedra´: não tinha nada para a fazer e, de repente, aparecem os ingredientes todos: boa vontade, disponibilidade para colaborar e deitar mãos à obra; as pessoas são muito solidárias. Basta falarmos uns com os outros e a solidariedade aparece” referiu ao sítio Igreja Açores Carlos Sá, um dos comerciantes dinamizadores desta iniciativa, que apenas lamentou “não ter tido tempo para contactar toda a gente”.

“Sei que todos quereriam participar; infelizmente não tive tempo de contactar todos”, mas “havemos de repetir” refere o comerciante sublinhando a importância de iniciativas destas.

“Ninguém deve estar de costas voltadas para os outros e a união  faz a força e em muito pouco tempo concretizou-se uma ideia sonhada pelo cónego Adriano Borges que pusemos de pé e,  nesta alma viva de Ponta Delgada, que sofre alguns problemas mostramos que irmanados poderemos fazer alguma coisa e vamos conseguir ultrapassar os problemas”, referiu, por seu lado,  José Rego, presidente da Junta de freguesia da Matriz.

A desertificação do centro histórico, os problemas de acessibilidade e a indigência crescente são alguns dos desafios que a paróquia e as autoridades publicas têm pela frente.

“Teremos de dar as mãos e mesmo que consigamos recuperar por ano apenas 5 ou 6 já terá valido a pena” refere o autarca, acompanhando a vontade da paróquia que tem mais de 4 mil habitantes quase todos concertados na zona dos Bairros Novos, onde existe um segundo centro de culto.

“Quem olha para o chão, para o seu umbigo, encasulado em si próprio, mirra e fica pequenino. Olhar para o alto, como fizeram os Magos que se deixaram guiar por uma estrela e fizeram-se ao caminho, alcançará coisas bonitas” referiu o cónego Adriano Borges na homilia da concelebração a que presidiu e que voltou a encher a Igreja num sábado de manhã para celebrar a Epifania.

“Que os Magos nos ensinem sempre a olhar para o alto e a fazermo-nos ao caminho, mesmo que no caminho encontremos noites escuras, deixemos de ver a estrela e até nos aconselhemos mal. Compremos coragem e energia para acertar sempre a nossa bússola” referiu ainda o sacerdote desafiando a sua comunidade a “ir mais além”.

“Hoje celebramos uma verdadeira dinâmica comunitária: encontramo-nos com Deus na Eucaristia; connosco próprios e com os irmãos no convívio fraterno”, disse ainda garantindo que este tipo de iniciativas pode ter futuro. O contributo que todos deram no final do almoço comunitário reverte a favor da compra de cabazes para as famílias mais carenciadas desta paróquia.

(Notícia corrigida no dia 9, às 11h30)

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