“Tem havido uma alteração no perfil de quem nos procura: há muitas pessoas que até tinham a vida organizada e agora estão em verdadeiro risco de pobreza”- Maria do Natal Sousa

Nova presidente da Cáritas da ilha Terceira é a convidada do programa de rádio Igreja Açores de domingo, dia em que começa mais uma Semana Cáritas

É presidente da Cáritas da ilha Terceira há pouco tempo mas sabe que a intervenção social tem de ser colaborativa, cada um respeitando as competências do outro e deve ser feita sempre em articulação com a pessoa que pede ajuda pois só assim poderá ser quebrado o ciclo de pobreza. Maria do Natal Sousa é a convidada do programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo, dia em que começa mais uma Semana Cáritas, com diversas atividades, entre elas o peditório nacional, que também será promovido na ilha Terceira.

“Os números da pobreza são um desafio que passará por uma maior capacitação das pessoas; continuamos a ter muitos trabalhos com pouca qualificação; encontrar metodologias mais indicadas para chegarmos a es

te público deve ser uma prioridade” afirma Maria do Natal Sousa.

“Nós censuramos determinado tipo de comportamentos mas esses comportamentos, por si só, não traduzem o que é aquela pessoa e as suas circunstâncias. Temos de a ouvir, e com ela encontrar a melhor solução para cada um; é preciso despirmo-nos de alguns preconceitos percepcionarmos as necessidades e ver como podemos apoiar” refere a nova presidente da Cáritas da ilha Terceira que considera que a natureza humana quer sempre mais para si e por isso, “podemos ser sempre melhores”.

A dirigente lembra que “há novas problemáticas sociais” às quais a Cáritas, numa atitude “colaborativa” com outras instituições “e respeitando a sua área de intervenção” tem dado resposta, mas sublinha, sobretudo a emergência de “novos pobres”.

“Tem havido alguma alteração do perfil das pessoas que apoiamos. Devo dizer que temos as portas abertas para todos, mas aparecem cada vez mais pessoas que até tinham a sua vida relativamente organizada e que por um motivo externo acabam por se ver numa situação difícil, que se não for apoiada acabam por cair mesmo na pobreza”, afirma Maria do Natal Sousa.

A Cáritas da ilha Terceira tem apoiado sobretudo no pagamento de despesas de saúde- próteses dentárias, saúde oral em geral e consultas de oftalmologia e óculos- mas também apoia o pagamento de propinas, rendas de casa, aquisição de habitação, etc.

“Há ajudas pontuais e que solucionamos e depois temos situações mais recorrentes que estão num clico de pobreza já há algum tempo e são pessoas que trabalham mas não conseguem suportar as despesas. São sobretudo pessoas com baixo nível de escolaridade e baixas qualificações profissionais” refere.

Na Semana Cáritas, a dirigente revela a estratégia da organização, que na ilha Terceira tem procurado capacitar as pessoas quer do ponto de vista profissional quer do ponto de vista humano e social.

“Vamos procurando dar resposta às necessidades que vão surgindo, em função do público com quem temos de trabalhar” adianta.

“São intervenções muito dinâmicas e inovadoras do ponto de vista técnico; somos muito flexíveis e os nossos projectos têm procurado ser muito inovadores” acrescenta elencando alguns deles: o projecto “3 D” com uma intervenção a nível do primeiro ciclo, promovendo o sucesso escolar trazendo a família à escola, diagnosticando precocemente dificuldades de aprendizagem; o “Bota Sentido”, que intervém dentro da escola, no segundo ciclo, e faz um trabalho muito individualizado dentro da escola, excluindo os factores que condicionam a sua integração no ambiente escolar; o “Trilhar caminhos”, que se desenvolve no estabelecimento prisional de Angra onde se treinam competências profissionais mas sobretudo competências sociais e comportamentais, entre outros.

“Esta é uma dimensão muito importante para a Cáritas pois não basta saber de uma profissão para a conseguir exercer; há outras competências igualmente importantes para o desempenho de uma tarefa. Por isso, a promoção de competências pessoais e sociais é fundamental para promover a dignificação da pessoa”, conclui.

A entrevista vai para o ar este domingo, depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no rádio Clube de Angra, no dia em que começa a Semana Cáritas. Nesse dia, às 17h30, haverá um sarau na Biblioteca Pública de Angra intitulado “O Amor que transforma”.

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