União das 23 misericórdias açorianas assente num só propósito de serviço ao mais frágil

Arquipélago dos Açores tem 23 misericórdias

A diocese de Angra é, no contexto das dioceses portuguesas, a que regista uma maior presença de misericórdias, nalguns casos mais do que uma por concelho. Só na Ouvidoria da Terceira existem três “santas casas”, para dois concelhos.

“Temos de facto uma enorme riqueza” disse ao Sítio Igreja Açores o responsável pela União das Misericórdias dos Açores, Bento Barcelos, Provedor da Santa Casa de Angra, a maior misericórdia do arquipélago e a única que em Portugal ainda se conserva associada a um Banco, a Caixa Económica da Misericórdia de Angra.

“Somos diferentes mas temos uma matriz comum que se alicerça na Doutrina Social da Igreja e que, em muitos casos, se traduz na melhor resposta aos anseios das populações que servimos”, ressalva o dirigente.

“As misericórdias, hoje como no passado, são compostas por homens e mulheres que têm olhos e sobretudo um coração atento à realidade social que os rodeia e têm sabido ser uma importante almofada solidária para muitas famílias”, adianta ainda Bento Barcelos sublinhando este desiderato fundamental das “santas casas”, sempre de olhos postos na prossecução do bem comum, correspondendo a uma identidade própria, mesmo sabendo que hoje os problemas “são outros” e “nós temos de estar à altura deles”.

A maior mudança está ao nível do paradigma da intervenção social.

“Não fazemos o que fazíamos há 50 anos atrás, mas continuamos a fazer um trabalho válido que corresponde aos desafios da igreja”, diz Bento Barcelos destacando que a “maior alteração de todas prende-se com o reconhecimento de que uma resposta adequada aos dias de hoje supõe uma competência técnica cada vez maior”.

Depois de uma fase de construção de infraestruturas, “que foi importante”, algumas dessas infraestruturas até “precisariam ser revistas”, mas o grande desafio, hoje, coloca-se ao nível dos recursos humanos.

“Hoje é necessário darmos uma resposta social mais próxima, mais assertiva e sobretudo mais competente ao nível de várias especialidades e, por isso, a aposta nos recursos humanos é considerada prioritária” reconhece o dirigente.

“Não se trata de substituir o lado humano pelo lado técnico mas é por demais evidente que as respostas hoje têm de ser fundamentadas tecnicamente e temos de primar pela excelência dos serviços que prestamos”, adianta dizendo que este desafio “tem sido abraçado pela generalidade das misericórdias”, cá nos Açores e no continente.

“Nós estamos unidos, desde logo, pela mesma missão e somos exortados pelo papa Francisco todos os dias”, destaca por outro lado, o presidente da União das Misericórdias dos Açores, até porque a própria Conferência Episcopal definiu “um modelo compromisso que veio modernizar o enquadramento funcional e estatutário das misericórdias, concorrendo para acabar com a ideia de que isto possa ser um trabalho feito em cima do joelho”.

A Terceira idade e a juventude são, por outro lado, grupo frágeis e por isso merecem a atenção especial das misericórdias. Nos Açores Lares, creches e atl´s são realidades concretas de intervenção das “Santas Casas”, que procuram ser sempre aliadas das famílias, seja na intervenção junto dos mais velhos seja no acolhimento a crianças.

“As políticas sociais são competência do estado mas nós estamos cá como seus aliados e por isso procuramos chegar onde o estado não chega porque justamente estamos mais próximos”, diz ainda o dirigente.

Nos Açores as misericórdias são uma realidade praticamente logo a seguir ao povoamento e desempenham um papel preponderante na resposta social no arquipélago, como de resto salienta aqui  um texto de opinião do Vigário Geral da Diocese, Cónego Hélder Fonseca Mendes.

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