Vaticano faz consulta alargada sobre principais questões ligadas à família e ao casamento

Documento preparatório e questionário para o Sínodo sobre a família destacam contexto de crise «social e espiritual».  Diocese de Angra está empenhada nesta auscultação.

A consulta alargada às comunidades católicas dos cinco continentes, sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento, com vista à preparação do Sínodo sobre a Família, em Outubro do próximo ano, vai merecer “um grande acolhimento e empenhamento” por parte da Diocese de Angra .

Em declarações ao Portal da Diocese, o responsável diocesano pela Pastoral da Família assegura que se trata de um momento “muito importante” no qual a Igreja revela “uma vez mais a sua atenção às problemáticas da sociedade” e que “está disponível para procurar novas soluções pastorais para novos problemas”.

José Constância diz que o documento preparatório enviado pelo Vaticano  “é muito abrangente, inédito e atual” ao abordar questões como as uniões de facto, as uniões entre pessoas do mesmo sexo e a educação de crianças no seio de famílias desavindas , entre outras, mas é igualmente “inovador” na forma como a Santa Sé está a organizar este Sínodo em dois andamentos:  primeiro uma Assembleia Geral e extraordinária em 2014, destinada a especificar “o estado da questão” e depois, em 2015, uma segunda Assembleia Geral, desta vez ordinária, com vista à definição de linhas de ação concretas da Pastoral da Pessoa e da Família.

“Isto mostra que a Igreja foi célere na identificação do problema mas quer ser prudente e abrangente no discernimento para fazer opções seguras” afirma José Constância para quem o questionário enviado é “muito pertinente”, revela “um enorme sentido pedagógico” e requer “respostas muito concretas à luz da doutrina da Igreja”.

No fundo, conclui, “trata-se de um questionário para ajudar a definir as linhas pastorais que possam ir de encontro às novas realidades da famíli , integrando-as na pastoral, sem desvirtuamento daquilo que é a doutrina da Igreja”, sempre numa perspetiva de “inclusão”.

Para levar por diante o processo de consulta foi dirigido um convite às dioceses para que “difundam o documento [preparatório] nos decanatos [divisões eclesiásticas das Igrejas de tradição oriental] e nas paróquias”, como adiantou esta manhã em conferência de imprensa, o responsável pela preparação do Sínodo de 2014, que vai ser dedicado aos ‘desafios pastorais da família no contexto da evangelização’.

A Secretaria Geral do Sínodo pediu que as respostas ao inquérito sejam enviadas à Santa Sé até ao final de janeiro de 2014, altura em que serão analisadas a fim de se elaborar o “instrumento de trabalho” da 3ª assembleia sinodal extraordinária.

D. Lorenzo Baldisseri destacou que a “crise social e espiritual” do mundo atual tem impacto sobre as famílias e provoca uma “verdadeira urgência pastoral”.

No encontro com os jornalistas, o relator geral do próximo Sínodo extraordinário dos Bispos, cardeal Péter Erdo, aludiu aos desafios levantados pelo “individualismo” que colocam em causa “a solidariedade entre as gerações”.

“A família surge como instituição fundamental da sociedade humana, ligada com a própria ordem da criação”, declarou o arcebispo de Budapeste (Hungria) e presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

Segundo este responsável, não se pode “recusar” o matrimónio na Igreja, por causa de “pouca religiosidade” ou falta de “fé religiosa”, aos noivos católicos que o desejem celebrar.

O relator geral destacou o aumento dos casais que vivem sem matrimónio religioso ou civil, explicando ainda que as questões colocadas no final do documento de preparação do Sínodo de 2014 procuram “abrir o horizonte para o reconhecimento do facto de que a família é um verdadeiro dom do Criador à humanidade”.

D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto (Itália), secretário especial da próxima assembleia sinodal, destacou por sua vez a intenção manifestada pelo Papa Francisco de “valorizar a colegialidade episcopal”, visível na participação pessoal nos trabalhos do último conselho ordinário do Sínodo, a 7 e 8 de outubro.

Para o prelado, o Papa quer promover uma “escuta ampla e profunda da vida da Igreja”, para chegar junto das “famílias laceradas e de quantos vivem em situações irregulares, do ponto de vista moral e canónico”, com “atenção, acolhimento e misericórdia”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa de ajudar o Papa no governo da Igreja.

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