Pe Jacinto Bento lança livro “O contributo de EMRC na formação integral dos alunos”

A Iniciativa teve lugar ontem  na livraria SEA em Angra

O Diretor do Serviço Diocesano da Mobilidade Humana lançou o livro “O contributo de EMRC na formação integral dos alunos”, na livraria SEA em Angra do Heroísmo.

A obra, que tem o prefácio do bispo de Angra, D. João Lavrador, resulta de uma reflexão feita pelo sacerdote, Pe Jacinto Bento, no final da sua licenciatura, sobre “a formação integral da pessoa” que “é aquela que visa o homem completo, tendo sempre em conta a educação para os valores e não apenas para o mercado do trabalho”.

O autor refere que este estudo parte da sua experiê̂ncia concreta de vários anos a lecionar esta disciplina. Procura enquadrá-lo na legislação vigente e orientá-lo para uma perspetiva educativa atual,  segundo a qual se deve atender a todas as faculdades do jovem.

O sacerdote que é pároco em São Pedro de Angra e guia na Terra Santa, acreditado pelo Patriarcado Latino de Jerusalém, foi professor de Educação Moral e Religiosa Católica durante mais de 20 anos, funções que acumulou com as de diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Escolar na diocese de Angra.

“Ao longo de mais de vinte anos como professor de EMRC e alguns de Diretor Diocesano da Pastoral Escolar, fui vendo que a Disciplina, apesar da sua existência de pleno direito nas escolas e da sua importância para a formação integral dos alunos, nem sempre era devidamente reconhecida” disse o sacerdote ao Sítio Igreja Açores.

O autor deste estudo, que resulta da experiência concreta de ser professor mas também de um questionário lançado aos alunos do 6º ano de escolaridade sobre a importância desta disciplina, propõe ajudar a reconhecer que, sem EMRC, o ensino “fica mais pobre e poderá́ ficar comprometida a educação integral dos alunos”.

“Esta problemática acompanha-me, há vários anos, na minha reflexão pessoal e de profissional educador. Acredito no ato educativo como promotor de desenvolvimento pleno e como tal considero que o lugar e o papel da disciplina curricular de EMRC necessita ser repensado e valorizado por todos os intervenientes no processo educativo” refere o autor na nota de abertura.

Com este estudo, “não se tem a pretensão de universalizar os dados e reflexões obtidos, atendendo a que a amostra é de dimensão reduzida (60 alunos) e pertencente só a uma realidade concreta. Contudo, constitui uma oportunidade de reflexão que se afigura fundamental para desenvolver a capacidade de crítica e de ponderação sobre temáticas com as quais lido quotidianamente e que, dados os condicionalismos de tempo e as múltiplas atividades profissionais que me são exigidas, nem sempre me permitem tal tarefa”, acrescenta.

Por isso, questionado sobre as expetativas em relação a esta edição, o Pe Jacinto Bento afirma que espera que “os leitores retenham a grande importância da EMRC na formação dos alunos católicos na nossa sociedade plural e democrática e que a Disciplina continue cada vez mais valorizada e aprofundada pelos agentes da pastoral”.

A apresentação do livro- edição de autor- será feita em Angra, numa cerimónia que contará com a presença do prelado diocesano, de resto autor do prefácio.

“Esta intervenção é da máxima atualidade. Somos herdeiros de uma cultura que mutilou o ser humano ao reduzi-lo a tão só algumas dimensões, senão apenas a uma. Como norma, o racionalismo ilustrado que tem presidido aos projetos educativos limita-se ao domínio do racional em detrimento de outras faculdades pessoais fundamentais e sobretudo da falta de harmonização de todas as dimensões da pessoa, incluindo a sua inalienável procura do transcendente”, refere D. João Lavrador que elogia a iniciativa do pe Jacinto Bento.

“Estamos perante um riquíssimo contributo para nos ajudar a prosseguir com esperança numa área fundamental da nossa sociedade como é a educação e o ensino” sublinha D. João Lavrador destacando que “num tempo de tantas ambiguidades sobre o sistema de ensino, de enorme perplexidade por parte dos agentes educativos e de angústia para tantas famílias, a quem lhes é tirada a responsabilidade primeira sobre a educação dos seus filhos, a Igreja quer estar presente para oferecer o seu contributo para edificação da pessoa, que deve ser harmonicamente desenvolvida em todas as suas faculdades; caso contrário, está em causa o seu futuro”.

No prefácio, o bispo de Angra destaca a importância da disciplina de EMRC na difusão dos valores cristãos; da necessidade de haver cada vez mais professores qualificados para a lecionarem e do seu valor na ação missionária da igreja, recorrendo a documentos do Concilio Vaticano II e a documentos do magistério papal, sobretudo de Bento XVI.

Citando o Papa alemão, D. João Lavrador refere que “o mundo tem necessidade de bons cientistas, mas uma perspectiva científica tornar-se-á particularmente restrita, se ignorar as dimensões ética e religiosa da vida, do mesmo modo como se tornará angusta, se rejeitar a contribuição legítima da ciência para a nossa compreensão do mundo”.

E, por fim, realça que “temos necessidade de bons historiadores, filósofos e economistas, mas se a percepção que eles oferecem a respeito da vida humana, no contexto do seu campo específico, estiver centrada numa perspectiva demasiado limitada, eles podem desviar-nos seriamente”.

O livro está organizado em dois capítulos. O  primeiro apresenta o enquadramento teórico da análise, e distribui-se por cinco pontos: sistema educativo português- presença de EMRC na educação básica, dando especial relevância a Lei n.o 46/86 de 14 de Outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo) para verificar até que ponto a preocupação axiológica está presente num documento de tamanha importância; EMRC no currículo, com destaque para as Concordatas de 1940 e 2004 entre a Santa Sé e a República Portuguesa; a legitimação do ERE, legitimação a partir da Escola, da Igreja e da Família; as finalidades da educação, as grandes metas educativas e a meta educativa de EMRC (finalidades, metodologia, competências e temáticas). O capítulo II explicita a metodologia utilizada neste trabalho, desenvolvendo a forma como foi feito o trabalho de campo: metodologia da investigação; com a pergunta de partida; objectivos; método de investigação utilizado; instrumento de recolha de dados – o inquérito por questionário; caracterização da presença de EMRC na região e na escola; caracterização da população inquerida; caracterização do meio: instalações, alunos, corpo docente, pessoal não docente; apresentação e análise dos resultados e das conclusões do estudo realizado.

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