A busca do bem comum

Por Renato Moura

Voltemos à inesgotável reflexão sobre a encíclica “Fratelli Tutti”; agora sobre “a política melhor” [cap. V].

O Papa Francisco credita a política como uma causa nobre, se bem exercida. Considera que apesar das diferenças é possível realizar objectivos colectivos. Acredita nos políticos “capazes de interpretar o sentir de um povo, a sua dinâmica cultural e as grandes tendências duma sociedade” e valoriza o serviço prestado, podendo “ser a base para um projecto duradouro de transformação e crescimento” [159].

Francisco conhece a realidade e afirma: “Perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato, lembro que «a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo»” [178].

Há que partilhar e meditar estas afirmações do nosso Papa: “a política é mais nobre do que a aparência, o marketing, as diferentes formas de maquilhagem mediática. Tudo isto semeia apenas divisão, inimizade e um cepticismo desolador incapaz de apelar para um projecto comum. Ao pensar no futuro, alguns dias as perguntas devem ser: «Para quê? Para onde estou realmente apontando?» Passados alguns anos, ao reflectir sobre o próprio passado, a pergunta não será? «Quantos me aprovaram, quantos votaram em mim, quantos tiveram uma imagem positiva de mim?» As perguntas, talvez dolorosas, serão: «Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços reais construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei? Que produzi no lugar que me foi confiado?»” (197].

Seria óptimo se as meditações de Francisco, sobre a vida política activa, trazidas à consideração de todos os homens de boa vontade e não apenas dos cristãos, pudessem servir aos nossos políticos – como guião ou exame de consciência – para uma reflexão honesta neste tempo.

Na Assembleia da República, aquando da discussão, alteração e votação da proposta de Orçamento de Estado. Para os governantes proponentes, para os partidos e deputados, será uma oportunidade de exercer a boa política e criar um instrumento de qualidade ao serviço dos portugueses.

Nos Açores, onde se acabou de eleger a nova Assembleia Legislativa Regional. Quando importa interpretar e criar condições para cumprir a vontade do povo. Sem tentações de interesses partidários ou ambições pessoais. Com serenidade, bom senso, responsabilidade, segurança. Em prol do desenvolvimento dos Açores e do bem comum dos Açorianos.

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