“A comunidade cristã não se faz separando as pessoas por seleções ou elites, mas unindo-as”, afirma o cónego Hélder Fonseca Mendes

Primeiro Dia Diocesano da Família assinalado em festa em Vila Franca do Campo, numa partilha inter-geracional, com reflexões e uma Eucaristia

O cuidado e o amor são duas das características fundamentais do discipulado cristão que se traduzem no serviço ao próximo, que tem a sua expressão máxima na família disse esta tarde o Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, na homilia da Eucaristia que assinalou o I Dia Diocesano da Família, celebrado em Vila Franca do Campo.

“Os poderosos deste mundo exercem domínio sobre os outros, sobre a sua liberdade, ofendendo a dignidade de outro humano. Entre nós, os discípulos de Jesus, não deve ser assim” acrescentou ainda lembrando a partir da liturgia de hoje o significado do gesto do lava-pés (da quinta-feira santa), para vermos nele “o estilo e o jeito que devem marcar as nossas relações, não de domínio, mas de serviço”.

“É neste contexto que Jesus lava os pés aos discípulos, instituindo outro modo de estarmos no mundo familiar, profissional, social e eclesial” esclareceu enfatizando que “A comunidade cristã não se faz separando as pessoas por seleções ou elites, mas unindo-as numa família que vive e caminha junta na diferença de idades e de ciclos de vida”.

Nesta Eucaristia, celebrada na Igreja de São Miguel Arcanjo na antiga capital da ilha de São Miguel, Vila Franca do campo, participaram, entre outros,  18 casais que celebraram os jubileus matrimoniais de 10, 25 e 30 anos e que ali renovaram as suas promessas matrimoniais recebendo a bênção.

O I Dia Diocesano da Família, organizado pela equipa que lidera o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar e Laicado,  foi “um encontro sonhado em 2020 e adiado para 2021” por causa da pandemia, como começou por destacar o Administrador Diocesano que referiu também que esta celebração se insere no contexto nacional do encerramento da Semana da Vida sob o lema “A vida que acolhemos”, inspirado na parábola do Bom Samaritano.

“Sempre que cuidamos das crianças, dos alunos, da catequese, das vocações, dos jovens, da preparação para o matrimónio, de enamorados, pais e mães, avós e irmãos, pobres, trabalhadores, idosos, viúvas, reformados, doentes, ou em estado de luto, estamos a falar de pastoral familiar”, disse o sacerdote.

O cónego Hélder Fonseca Mendes destacou ainda a família como “o lugar que acolhe e abriga todos”, onde o “amor é total” e porque “vem de Deus” não há lugar para a “vingança, ressentimento e ódio” mesmo “diante da traição ou da infidelidade”, tal como aconteceu com Jesus no seu julgamento, no qual sofreu até à morte.“Transpondo o nome de Judas para o nosso, concluímos que Jesus nos amou primeiro, não obstante as nossas fragilidades, limites e debilidades. Foi Ele que nos tornou dignos do seu amor que não conhece limites e nunca acaba. Só o amor merece a nossa confiança. O amor, no dizer do Cântico dos cânticos «é mais forte do que a morte e as águas do mar não o podem submergir»”.

“Assim, quando recebemos o Espírito Santo, recebemos a graça de Deus e a sua misericórdia, quando nos relacionamos com os outros não os amamos com o nosso amor, à nossa escala, mas com o amor de Deus, que pelo seu Espírito Santo está em nós. Aqui está a diferença do que é amar sem Deus ou fora d’Ele e do é amar em Deus e n’Ele. O verbo é o mesmo, mas a substância é qualitativamente diferente e superior”, concluiu.

A homilia terminou com a oração do Papa para o X Encontro Mundial das Famílias, que se realiza em junho em Roma.

Esta Eucaristia foi transmitida através das redes digitais e constituiu uma das ações com que a diocese de Angra participou na Semana da Vida, onde todas as dioceses do país foram desafiadas pelo Secretariado Nacional da Família e Laicado a participar com reflexões, momentos de oração e partilhas.

Durante a Eucaristia, foram ainda lembradas as famílias de todas as ilhas, de Santa Maria ao Corvo, e 9 casais depositaram no altar um ramo de flores pelos casais de cada uma das nove ilhas do arquipélago.

O casal responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Família, que leu a Oração Universal dos Fiéis, lembrou o propósito da pastoral familiar : o anúncio do Evangelho e, com a sua ternura, acompanhar todas as famílias. Já o  assistente diocesano, monsenhor José Constância, destacou o sentido inter-geracional deste encontro, que “foi um abraço para todo o mundo”.

“Que este dia seja um reforço da pastoral da família em todo o Portugal e em todos os Açores”, disse.

Antes de presidir à Eucaristia do I Dia Diocesano da Família o Administrador Diocesano presidiu à celebração que faz memória do Dia da Marinha, celebrada em Ponta Delgada, na qual lembrou que o “mar tem um sentido paradoxal”.

“Na civilização moderna, o mar está cheio de conotações positivas, porque é fonte de riqueza, de sol, meio indispensável para transporte de pessoas e mercadorias, fonte de lazer, de passeio e de saúde. Na Bíblia, acontece muitas vezes o contrário, tal como nas mitologias antigas ou na poesia popular, desde o dilúvio do Génesis a esta passagem do Apocalipse, o mar e as suas águas profundas e nos seus abismos, simbolizam a vida e a morte, monstros antigos e povos inimigos”. No entanto, lembra o sacerdote

“Naturalmente não se trata de um mar de águas e de peixes, mas do mar apenas como símbolo do mal que nos pode causar e que só o amor Deus “vencerá”.

O Cónego Hélder Fonseca Mendes, destacou a importância do Mar para uma região arquipelágica como os Açores e o papel da Marinha em acções de defesa e salvamento na costa portuguesa.

 

 

 

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