A morte de Jesus não é uma derrota mas a vitória da esperança e do amor sobre o egoísmo, diz bispo de Angra

D. João Lavrador presidiu à celebração da Paixão na Catedral diocesana

A celebração da paixão e morte de Jesus é a celebração da vitória do amor e da vida sobre o egoísmo, disse, na sua homilia, esta tarde o bispo de Angra durante a celebração da palavra na principal cerimónia da Sexta-feira Santa.

Socorrendo-se das palavras de São João Paulo II, o prelado diocesano lembrou que o grito de Jesus na cruz “não traduz a angústia dum desesperado, mas a oração do Filho que, por amor, oferece a sua vida ao Pai pela salvação de todos”.

“Não estamos perante um derrotado mas perante Alguém que carrega todo o sofrimento humano e o encaminha para o pleno significado que é a Vida Nova do Ressuscitado” disse D. João Lavrador.

Por isso, “participar na morte de Cristo e na Sua revelação é integrarmo-nos no Seu caminho de entrega total ao Pai e aos irmãos”.

“A celebração da paixão e morte de Jesus Cristo manifesta-se na comunhão de vida que cada baptizado é chamado a viver na relação com Ele. Eis o caminho de aprendizagem de uma vida que nos escapa quando vivemos para nós, na auto-suficiência e no egoísmo”, disse o bispo de Angra perante centenas de fieis que participaram nesta celebração na Sé.

Fazendo uma analogia com o sofrimento que atravessa a humanidade, D. João Lavrador lembrou que esta atitude de Jesus, de se entregar por amor, pode parecer à luz do entendimento do homem um escândalo “cujo espanto irá até ao limite de as nações se surpreenderem pela vitalidade e pela força exercida pelo braço de Deus ao apresentar-se como um rebento que brota de um deserto de sofrimento e de repulsa” mas é também um exemplo.

“Ele é o homem de dores, trespassado pelos nossos pecados e esmagado devido às nossas faltas. Por causa das suas chagas é que fomos curados”, disse ainda.

“Entrar neste caminho da cruz de Cristo é abrirmo-nos à sorte dos irmãos que mais sofrem e oferecer-lhes os sinais de esperança que brotam da entrega no amor para reconhecerem a Vida Nova que inunda de esperança a  sua vida” pois Jesus  é a única “consolação e esperança” para cada homem e para a humanidade em geral.

Ao final da tarde de hoje haverá via-sacra e procissão do Senhor Morto pelas principais ruas de Angra do Heroísmo, a partir das 20h00.

A sexta-feira Santa está centrada na contemplação da Cruz, como sinal da morte de Cristo; este é um dia alitúrgico, pelo que não há Missa; a principal celebração é, fundamentalmente, uma ampla Liturgia da Palavra, que culmina com a adoração da Cruz e a comunhão eucarística.

Amanhã a Vigília Pascal é a celebração principal. Decorre na Sé a partir das 21h30. E embora o Sábado Santo seja também  um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, marcado pelo silêncio, a Vigília Pascal assume-se como a maior e a mais importante das celebrações da Igreja, uma cerimónia que integra já o calendário da Páscoa.

A celebração é composta por quatro liturgias: a da Luz, em sinal de alegria, com a bênção do lume novo e o Círio; a da Palavra, que compreende nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, com o canto do Glória e do Aleluia; a Batismal e a Eucarística.

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