“A nossa caridade não pode ser só paliativa. A pobreza não é uma inevitabilidade”- Eugénio da Fonseca

Foto: Igreja Açores/CR

Presidente da Federação Portuguesa de Voluntariado foi orador no Encontro Diocesano da Pastoral Social

A marca da solidariedade e do voluntariado cristão tem de ser sempre caritativa procurando devolver a dignidade à pessoa, afirmou esta manhã Eugénio da Fonseca, orador do Encontro Diocesano da Pastoral Social, que decorre em Ponta Delgada este sábado.

“Não podemos gerir a pobreza dos pobres mas devemos eliminar as causas da pobreza” disse o presidente da Federação Portuguesa de Voluntariado.

“A acção libertadora de Jesus era esta: reconhecer sempre a dignidade da pessoa independentemente da sua circunstância” lembrou.

“A nossa caridade não pode ser só paliativa. Já foram os avós, os pais e agora os filhos a recorrerem a apoios sociais. A pobreza não é uma inevitabilidade; é possível erradica-la, nomeadamente através de uma distribuição mais equitativa dos bens disponíveis” referiu ainda ao lembrar que é “um escândalo mais de 11% dos pobres serem pessoas trabalhadoras”.

“A opção preferencial dos pobres está no coração do evangelho”, recordou deixando uma interpelação à assembleia: “Será que fizemos, de facto a opção preferencial dos pobres ou foram os pobres que fizeram a opção preferencial pela Igreja?”, desafiando os presentes a olhar sempre a pessoa na sua dignidade humana independentemente da circunstância de cada uma, “independentemente da lama em que se encontre envolvida”.

Eugénio da Fonseca questionou, ainda, o modelo de uma Igreja que parece estar “muito preocupada em gerir equipamentos sociais e obter apoios do estado” quando deveria estar empenhada “em assegurar grupos de pastoral nas paróquias que tenham esta intervenção social”.

Ainda assim, “Não são justificáveis nem o desespero, nem o pessimismo nem a passividade” concluiu Eugénio da Fonseca depois de elencar as causas da pobreza- desde a falta de trabalho, à falta de formação- e os grupos mais afectados- os jovens, as mulheres, os idosos e as famílias monoparentais-.

Durante a tarde, os participantes foram repartidos em grupos e desenvolveram trabalhos sobre a missão dos cristãos a partir do guião elaborado pela equipa da pastoral social em 2021 de forma a potenciar a acção da igreja, para que seja “mais efetiva e abrangente”.

Scroll to Top