A Paz é um “dom e uma tarefa” que exige um “esforço contínuo” do homem

Mensagem do Bispo de Angra para o Dia Mundial da Paz 2018 defende o direito à migração e o dever dos cristãos em acolher, proteger, promover e integrar

O bispo de Angra afirma que a migração “é um direito de qualquer pessoa que deve ser garantido pelas autoridades públicas e pelos governos dos diversos países” e apela aos cristãos para exercitarem uma especial sensibilidade no acolhimento, na proteção e na integração dos migrantes.

“A nossa diocese conta com um elevado número de emigrantes e também com alguns imigrantes. Daí que apele à consciência cada vez mais necessária para a realidade daqueles que abandonam a sua terra para se encontrarem com a paz ou com melhores condições de vida”, refere D. João Lavrador na mensagem para o dia mundial da Paz “Sou Migrante e Refugiado e me acolhestes”, que enviou a todos os diocesanos.

A partir da mensagem do Papa Francisco para este primeiro dia do ano, consagrado pela Igreja como o Dia Mundial da Paz, o bispo de Angra lembra que a paz é um dom de Deus que deve merecer “um esforço continuo” do homem para  garantir a paz entre os povos.

A Paz “é dom e é tarefa”, frisa o prelado.

D. João Lavrador destaca como profeticamente Jerusalém aparece como uma cidade de portas abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas, para afirmar que também os cristãos devem fazer do seu país um lugar de acolhimento para os que chegam na medida em que os migrantes e refugiados “trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem”.

Para o bispo de Angra é necessário que os cristãos abandonem a indiferença perante os problemas e as dificuldades dos outros e saibam, cada vez mais, acolher, promover e integrar.

“Poderemos pensar que esta realidade é longínqua e que se passa muito além das fronteiras da nossa vida quotidiana e por isso, não nos sensibiliza e muito menos nos compromete. Eis, a atitude que deve ser combatida, à qual tantas vezes o Papa Francisco tem advertido e que se chama de indiferença” diz o prelado na mensagem para o Dia Mundial da Paz.

“Nenhum ser humano pode ser alheio à sorte de um seu semelhante. Muito menos um cristão poderá ignorar a situação de fragilidade dum irmão seu, a qual, pelo contrário, deverá despertar um sentimento de acolhimento, de partilha e de integração”, conclui.

A Mensagem de D. João Lavrador termina com um convite a todos os diocesanos: “Convido todos os diocesanos a colocarmo-nos na disposição de acolhimento e de promoção de integração e de protecção de toda a fragilidade humana. Com o olhar colocado nestes grandes dramas humanos que nos sensibilizam para a causa da paz, temos o dever de actuar nas situações que junto de cada pessoa, família, localidade e Região estão a desafiar-nos na transformação da vida daqueles que vivem em situações de carência e não vêem respeitada a sua dignidade humana”.

A mensagem do Bispo de Angra inspira-se na mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, na qual Francisco decidiu colocar os milhões de migrantes e refugiados da atualidade no centro das atenções.

“Muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta”, assinala Francisco na mensagem para o 51.º Dia Mundial da Paz.

No texto intitulado ‘Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz’, o Papa convida as comunidades católicas a acolher “com espírito de misericórdia” todos aqueles que fogem da guerra e da fome, deixando a sua terra “por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental”.

“Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura”, assinala o documento.

O Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

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