“A preservação dos documentos na igreja não tem um valor histórico e documental apenas; tem uma função pastoral” afirma historiador da Universidade Católica

Foto: Igreja Açores/EM

Luís Carlos do Amaral é medievalista e integra o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade católica Portuguesa

A preservação dos documentos da Igreja é importante pelo seu valor histórico mas também pela sua função pastoral, afirmou esta manhã em Angra  do Heroísmo Luís Carlos do Amaral, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, no segundo dia das VI Jornadas de Teologia, promovidas pelo Seminário de Angra.

“A preservação dos documentos na igreja não tem um valor histórico e documental apenas; tem uma função pastoral e por isso, seria bom que os senhores bispos e todos os responsáveis da Igreja percebessem que a preservação de um arquivo é fundamental desde a célula mais pequena que é a paroquia até a outras realidades” referiu o investigador sublinhando que “o arquivo paroquial é fundamental para preservar a memória”.

“Guardam e reservam informação que pertence à comunidade” esclareceu ainda deixando um desafio claro a todos os intervenientes para que cuidem dois arquivos e os preservem. E deu como exemplo de boa prática o Arquivo da Mitra que se encontra à guarda da Biblioteca Publica e arquivo Regional Luís Silva Ribeiro, em Angra do Heroísmo.

O espaço tinha sido visitado previamente pelos participantes nas VI Jornadas de Teologia promovidas pelo Seminário Episcopal de Angra.

O responsável pela organização e conservação desse espólio, José Avelino, explicou que os arquivos das paróquias açorianas já se encontram praticamente todos digitalizados e que a Cúria diocesana entregou recentemente 80 metros de arquivo ao Arquivo de Angra.

“ Fizeram-se trabalhos de limpeza, restauro de alguns livros, o que é um trabalho moroso e exige tempo.”

Além desse núcleo, há ainda o Arquivo da Mitra de Angra, um arquivo longo com alguma dimensão: 100 metros e 987 maços de documentação.

“Este espólio ocupa 216metros: é muita documentação, com assuntos muito variados, até concursos para a atribuição de párocos a paroquias ou relatos de interrogatórios do Tribunal eclesiástico”.

O técnico da Biblioteca de Angra integrou uma mesa redonda sobre as questões relacionadas com a preservação de arquivos que abriu o segundo dia das Jornadas de Teologia, moderada por Susana Goulart Costa.

Rute Gregório, responsável do Serviço dos Bens Culturais da diocese de Angras sublinhou a importância de preservar os documentos e manifestou preocupação acerca da preservação documental paroquial na diocese de Angra. A preservação da documentação é desafiada pela falta de consciência e responsabilidade e pela falta de condições (recursos humanos, financeiros, o próprio clima…), disse.

Nuno Estêvão Ferreira, também da Universidade Católica desenvolveu algumas questões de natureza prática relativas ao projecto Papir- Plataforma de Arquivos Pessoais e de Instituições religiosas à guarda do Centro de Estudos de História Religiosa e de entidades que com ele colaboram. Esta plataforma digital disponibiliza informações digitalizadas sobre 42 acervos e possui 30 mil registos com 700 digitalizações, às quais correspondem mais de 90 mil páginas.

“As suas descrições estão agregadas no Portal Português de arquivos, que está ligado a um portal internacional”, disse o investigador.

As VI Jornadas de Teologia do Seminário, este ano com um formato diferente, prosseguem no dia 24 de março, pelas 20h00, no pequeno Auditório do Centro de Congressos de Angra do Heroísmo, altura em que será lançada a Revista do Seminário “Fórum Teológico XXI, volume V” e será proferida a conferência “Desafios da Pastoral diocesana no mundo de hoje”, pelo professor Paulo Asolan.

O académico é reitor das igrejas de Santa Maria in Cappella e Sant’Agata in Trastevere, Roma; Capelão da Fundação Santa Francesca Romana e do hospital de peregrinos “San Giacomo e San Bento de Labre” em Trastevere. É responsável pela formação permanente do clero da diocese de Roma. E, atualmente, é professor permanente da cátedra de teologia pastoral fundamental e decano do Pontifício Instituto Pastoral Redemptor Hominis da Pontifícia Universidade Lateranense.

No dia 25 de março, no pequeno auditório do Centro de Congressos de Angra, às 9h30 usará da palavra o professor Eduardo Ferraz da Rosa sobre “Cristianismo, Razão e Crença: a filosofia na Teologia e na Pastoral da Fé”. Às 11h00, Paolo Asolan falará sobre “A força evangelizadora da piedade popular” e as Jornadas de Teologia terminam com a intervenção e participação do bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.

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