As desigualdades sociais “não serão corrigidas” pelo crescimento económico

A maior “falácia” de todos os tempos assenta na ideia “errada” de que as desigualdades sociais podem ser corrigidas pela economia, disse o professor catedrático Eduardo Paz Ferreira durante uma conferência sobre o Estado Social e a Doutrina Social da Igreja, promovida pelo Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Social e Mobilidade Humana, que decorreu esta sexta feira em Ponta Delgada.

 

“A economia cresce mas a verdade é que o faz de uma forma cada vez mais desigual.” Disse o professor açoriano lembrando que mais de metade da riqueza mundial está concentrada em apenas 85 pessoas.

 

As desigualdades a par do aumento “exponencial” do desemprego constituem duas “chagas” dos tempos atuais sem que alguém “revele a energia suficiente para implementar medidas que a combatam”, lembrou Paz Ferreira.

 

Para o professor de direito é “este financismo” que está a dar cabo da Europa e dos países, “acabando com o Estado Social” que foi pensado como forma de aliviar as desigualdades existentes.

 

Para Eduardo Paz Ferreira, a mensagem do Papa veio devolver aos povos europeus uma “nova esperança”, num tempo em que “não há líderes carismáticos” e em que a doutrina social da Igreja foi posta de parte quer pelos partidos democratas cristãos quer pelos próprios socialistas.

 

Eduardo Paz Ferreira lembrou as viagens do Santo Padre a Lampedusa para “chorar os mortos que ninguém chora”, a segunda, ainda em Itália, em visita à Sardenha onde falou sobre o “flagelo do desemprego” e a recusa para ir a Davos.

 

Finalmente, fica uma das viagens do ano.

 

Os encontros com israelitas e palestinianos e as reuniões mantidas com outros chefes da Igreja, na primeira visita do Papa Francisco à Terra Santa, podem ter constituído “uma restea de esperança para todo o mundo”, disse Eduardo Paz ferreira.

 

O advogado lamentou que a Europa “seja uma bela adormecida à espera do príncipe” e que o próprio conceito de Europa está desvirtuado porque “esqueceu as pessoas e só fala em números”

 

Para arrepiar caminho, Eduardo Paz Ferreira lembra que há que gerir melhor e que as pessoas não são máquinas e devem “estar à frente de tudo e de todos”.

 

A ideia de que “só há um caminho” é outro “sucesso” do “poder dominante”.

 

No entanto, o professor de direito apresentou três caminhos “que se fossem levados a sério” poderiam ser respostas à atual crise: a renegociação da dívida, um ligeiro crescimento da inflação ou a criação de um imposto de 4% sobre o  património das grandes fortunas.

 

A iniciativa começou com uma mensagem de boas vindas do responsável diocesano pela Pastoral Social, Pe Cipriano Pacheco que sublinhou a importância destes debates sobre as questões da sociedade atual.

 

Durante o ano de 2013 ocorreram já dois momentos de reflexão. O primeiro, realizado em maio, incidiu sob o tema “A Crise atual: Contributos da Igreja para um Outro Desenvolvimento Social e Económico”, contando com a presença de Manuel Brandão Alves, Isabel Allegro de Magalhães, João Menezes, Rogério Roque Amaro e José Francisco Portela.

 

As Jornadas de Outono de 2013 decorreram sob o tema “Novas Estratégias Para a Prevenção e Erradicação da Pobreza – À Luz da Doutrina Social da Igreja”, tendo sido oradores principais Alfredo Bruto da Costa e José Manuel Pureza.

Conferência de Eduardo Paz Ferreira sobre Estado Social e Doutrina Social da Igreja decorreu em Ponta Delgada nas II Jornadas de Primavera.

Conferência de Eduardo Paz Ferreira sobre Estado Social e Doutrina Social da Igreja decorreu em Ponta Delgada nas II Jornadas de Primavera

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