Bispo de Angra diz que os poderes do mundo devem servir em vez de se imporem pela força

D. João Lavrador presidiu à Missa de Ramos na Sé de Angra

O bispo de Angra denunciou hoje, na sua homilia, os “poderes do mundo” que impõem a autoridade a partir da força em vez de servirem, como fez Jesus ao entregar-se na cruz para salvação da humanidade.

Na celebração da Missa de Ramos na Sé de Angra, e dando inicio à Semana Santa, D.João Lavrador lembrou que a forma como Jesus usou o poder conferido pelo Pai deve ser um exemplo para todos os cristãos, pois a entrega gratuita na cruz “desafia os poderes do mundo para pautarem a sua autoridade não como força a exercer mas antes como entrega no amor e no serviço aos mais pobres e excluídos deste mundo” disse o prelado.

Na homilia, com várias reflexões dirigidas para o interior das comunidades católicas açorianas, no início da Semana Santa, o bispo de Angra sublinhou que tal como a multidão que à entrada de Jerusalém aclamou Jesus de Nazaré, também nós hoje, através da escuta da Palavra de Deus e do gesto da procissão de ramos, somos convidados a viver a experiência da entrada de Jesus na cidade santa de Jerusalém “para revelar a totalidade do amor de Deus na entrega total de Si mesmo pela salvação da humanidade”.

“O facto de aclamarmos a Jesus de Nazaré como Rei e o saudarmos com Hossana ao Filho de David, estamos a exaltar a Sua incarnação mas estamos igualmente a assumir que seguimos um rei diferente dos monarcas terrestres e a reconhecer que o poder deve ser exercido como serviço e entrega ao outro” destacou o prelado.

A partir do Evangelho deste domingo que narra toda a história da Paixão de Jesus, D. João Lavrador lembrou que, nesta história, cruza-se a alegria e o sofrimento, erros e sucessos que nos levam a questionar se tal como Jesus somos capazes de amar tanto o outro.

“A pergunta que nos fica e à qual devemos responder com a atitude e critérios próprios do nosso viver é saber com qual das personagens nos identificamos, onde nos colocamos neste caminho e que reação temos em relação ao drama no qual nos sentimos envolvidos” disse o bispo de Angra.

“Consoante a resposta que dermos assim nos dispomos ou não a conformar a nossa vida com os desígnios de Deus, a aceitar a nossa condição de discípulos que são chamados a ter a mesma sorte do Mestre e a sintonizar ou não com a dor e o sofrimento dos nossos irmãos”, acrescentou lembrando que a conversão pessoal e comunitária é um desafio que esta semana santa lança a todos os cristãos.

“Os diálogos que percorrem o Evangelho e que colocam a Jesus Cristo em atitude de quem oferece a conduta certa para quem aceitar ser seu discípulo devem desafiar-nos a todos nós sobre o nosso ser e o nosso atuar. Enfrentemos estes diálogos com serenidade e coragem” disse o bispo de Angra.

“Entramos na semana que sintetiza para nós discípulos de Jesus Cristo o fundamental da nossa fé” sublinhou o responsável pela diocese insular afirmando que “somos interpelados a fazer a experiência na vida pessoal e comunitária do ser de Deus que nos chama e nos envia como discípulos ao mundo de hoje”.

“É pela escuta e interiorização da Palavra que nos oferece o caminho redentor do Nosso Salvador que entramos na vivência deste tempo oportuno e fecundo para alcançarmos a comunhão com Deus e com os irmãos” concluiu o prelado.

 

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