Bispo de Angra presidiu ao centenário da Igreja das Cinco Chagas em São José da Califórnia

D. João Lavrador desafiou os jovens a seguirem as obras dos seus antepassados comprometendo-se com a comunidade paroquial

A Igreja das Cinco Chagas, em São José da Califórnia, está a comemorar o seu centenário e a missa da festa, este domingo, foi presidida pelo bispo de Angra que desafiou os jovens a serem participantes ativos na vida da comunidade.

“Para vós jovens, com os vossos sonhos, projetos, alegrias e apreensões, olhem a Igreja com o desejo de contar com a vossa participação activa para que se possa tornar mais jovem” pediu D. João Lavrador sublinhando que é no diálogo inter-geracional que a comunidade cresce.

“Muito poderemos aprender deles mas também muito poderão eles aprender daqueles que já amadureceram pelo passar dos anos e pela experiência de doação aos outros”, afirmou na homilia da missa da festa que precedeu a procissão solene pelas principais ruas de São José da Califórnia, numa paróquia que é liderada por um sacerdote açoriano, o Pe. António Silveira, ordenado em 2013, depois de ter enviuvado.

A festa que se celebra ao longo de todo este ano, intensificou-se este fim de semana com um programa especial que contou também com a participação do bispo de São José, D. Óscar Cantu.

“Nesta Eucaristia estamos também a dar graças a Deus por cem anos de vida da comunidade cristã que nesta Igreja encontrou lugar para se encontrar com Deus e para crescer como comunidade” afirmou D. João Lavrador na sua homilia deixando um agradecimento especial a todos os que ao longo de cem anos permitiram “a edificação deste templo” e ajudaram a “promover a comunidade” que através de um “compromisso renovado” pode assumir sempre uma postura missionária.

O prelado açoriano que, desde a primeira hora que assumiu a diocese insular tem feito visitas regulares às comunidades insulares da diáspora, nos EUA e no Canadá, convidou, por isso, todos os membros da comunidade a renovarem o seu compromisso “para hoje e para o futuro”.

“Na verdade pertence a todos os cristãos que se reconhecem a participar ativamente nesta comunidade de S. José o dever de viver e testemunhar de tal modo a sua fé em Jesus Cristo que ofereçam à sociedade atual as razões profundas do seu viver” afirmou.

“Esta Igreja reflete para nós hoje a firmeza de fé que nutriam os nossos primeiros emigrantes que sabiam que um futuro melhor nunca poderá ser edificado sem a presença de Deus” sublinhou ainda.

Referindo-se à história da Igreja e ao simbolismo da sua  invocação assinalou que “é bem expressiva a referência às cinco chagas de Jesus Cristo que provocam em cada cristão a alegria de entrar no mistério da Paixão do Senhor e nele saborear a abundância de vida que sobre a comunidade cristã é derramada”.

“Belo exemplo para nós hoje” enfatizou lembrando que a vida só é plena de felicidade quando cada cristão se encontra verdadeiramente com Deus e consequentemente com o seu mais próximo.

“A vida plena e com sentido, a vida em felicidade só será possível amando a Deus e amando os irmãos” disse lembrando que este é o sentido da comunidade cristã.

“Eis o sentido da comunidade cristã. Ela oferece à pessoa o fundamental das suas relações: relação com Deus e relação com os outros irmãos. Daí o testemunho perante o mundo tantas vezes mergulhado no egoísmo, no individualismo e na auto-referência”, disse ainda.

O prelado diocesano que estará na Califórnia até dia 17 deixou, finalmente, um apelo: “Que a fé vivida nas vossas origens e aqui progressivamente praticada seja motivo de alegria e de auto-estima para as novas gerações”.

A Missa que foi celebrada às 17h00 locais (menos 7 horas que nos Açores) foi seguida de uma procissão.

A Igreja das Cinco Chagas tem a particularidade de ostentar no seu interior dois novos vitrais instalados para as celebrações do primeiro centenário este fim de semana: um do Senhor Santo Cristo dos Milagres e outro de São João Paulo II com Nossa Senhora de Fátima, um trabalho artístico do Hyland Studio.

De referir que esta é a única Igreja nacional deixada na área da baía para os portugueses, acolhendo em simultâneo paroquianos de outras nacionalidades e etnias. Foi de resto em torno da igreja que se construiu a “little Portugal” com centros comunitários, lojas, cafés e restaurantes que se estendem ao longo da East Santa Clara Street.

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