Ano da familia Amoris Laetitia arranca em Angra com celebrações paroquiais

Serviço diocesano quer uma atenção especial à “família concreta”, neste ano

O Serviço Diocesano da Pastoral Familiar desafia todas as paróquias a celebrar uma missa pela família em que as famílias sejam as grandes protagonistas, esta sexta-feira, dia do Pai, dia em que arranca também o ano consagrado à família Amoris Laetitia, uma iniciativa do Papa Francisco.

“E não é só a família nuclear que deve participar; a interpelação deve ser também à família alargada” alerta Ana Dias, responsável pela Pastoral Familiar na diocese de Angra em entrevista no passado mês de janeiro ao Sítio Igreja Açores.

Esta comemoração, em unidade em todas as paróquias, contará com uma mensagem que está a ser elaborada pelo assistente diocesano, padre Francisco Zanon, de forma a que todos “possamos assinalar este ano juntos e sintonizados”, acrescenta, por outro lado sublinhando que este serviço “estará muito atento às famílias concretas”.

“Como sabemos o modelo de família alterou-se; nós não abdicamos do nosso mas temos, como diz o Papa Francisco, de acolher todos, atendendo à situação concreta da famílias e às famílias reais”.

Em vésperas de um ano dedicado à família, que começa na festa de São José, este Serviço pretende que este ano seja uma oportunidade para dinamizar e aprofundar a vivência espiritual no seio da família.

“Todas as dinâmicas familiares estão a ser fortemente alteradas com a pandemia, alterando muitas rotinas e desafiando as famílias a novas aprendizagens de vida em comum” refere Ana Dias.

“Muitas famílias lidam com um caldeirão de frustrações de cada um dos seus membros e também com esta nova realidade do confinamento, tendo-se de desdobrar em mil e uma tarefas” esclarece ainda lembrando que, nalguns casos mesmo, há problemas económicos que se agravam e dificuldades que surgem com o desemprego.

“Temos de ser capazes de dar pão e amor, mas não só através das palavras. É preciso ir mais além” refere Ana Dias.

“O nosso maior desafio vai ser chegar às famílias mais frágeis e vulneráveis; teremos de trabalhar muito em conjunto, vários sectores da pastoral”, conclui.

O desafio do Papa

O Papa convocou um ano especial dedicado a família, assinalando o 5.º aniversário da exortação ‘Amoris Laetitia’, resultado de duas assembleias do Sínodo dos Bispos.

“Será uma oportunidade para aprofundar os conteúdos do documento. Estas reflexões vão ser colocadas à disposição das comunidades eclesiais e das famílias, para os acompanhar no caminho”, indicou Francisco.

Este ano especial decorrerá até à celebração do X Encontro Mundial das Famílias, em Roma , em junho do próximo ano.

A Santa Sé preparou, para o ano especial dedicado às famílias, um conjunto de propostas espirituais, pastorais e culturais, além de 12 percursos de reflexão, partilhados num documento que apresenta os objetivos desta iniciativa do Papa.

Por meio das iniciativas espirituais, pastorais e culturais planeadas no Ano ‘Família Amoris Laetitia’, o Papa Francisco “quer dirigir-se a todas as comunidades eclesiais do mundo, exortando cada pessoa a ser uma testemunha do amor familiar”.

Tendo em vista a abertura, no dia 19 de março, o Dicastério para os Leigos, Família e Vida preparou um folheto informativo para ser partilhado com as dioceses, as paróquias e as famílias, disponível online.

O ano tem como objetivos “difundir a mensagem cristã sobre a família à luz dos desafios do nosso tempo; aprofundar o texto da exortação apostólica e do magistério do Papa Francisco; convidar as Conferências Episcopais, as dioceses e as paróquias, juntamente com os movimentos, associações e famílias, a dedicar-se com vigor à pastoral da família, implementando a Amoris Laetitia”.

Nas paróquias, dioceses, universidades, movimentos eclesiais e associações familiares serão divulgados “instrumentos de espiritualidade familiar, de formação e ação pastoral sobre a preparação para o matrimónio, a educação ao afeto dos jovens, sobre a santidade dos cônjuges e das famílias que vivem a graça do sacramento na vida diária”.

Mensagem do Bispo de Angra

Numa mensagem para o Dia da Sagrada Família, em dezembro passado, o bispo de Angra apelava a uma intensificação da pastoral familiar de forma a que o trabalho com as famílias, e em prol delas, possa ser sempre renovado e as famílias possam cumprir a sua vocação evangelizadora.
“A família cristã, verdadeira Igreja Doméstica, tem em si mesma uma força evangelizadora única e singular. Pela formação cristã, pela oração, pela celebração dos sacramentos e pelo testemunho de partilha abre-se ao mundo para projectar luz”, afirma D. João Lavrador na Mensagem enviada a todos os diocesanos para assinalar o Dia da Sagrada Família, que se celebra no próximo domingo, dia 27.

Por isso, pede que “não haja nenhuma paróquia e Ouvidoria que não se empenhe na organização da pastoral familiar em articulação com o serviço diocesano da pastoral familiar” para “ que todas as famílias se integrem e participem ativamente na comunidade cristã, pela participação na Eucaristia dominical, pela catequese paroquial, pela oração comunitária, pela dinamização dos diversos grupos e movimentos paroquiais e pela atenção aos mais excluídos”.
Além deste desafio, o prelado lança mais dois apelos às famílias açorianas. O primeiro prende-se com a necessidade das famílias se inspirarem no modelo de Nazaré, que “seguiu o amor de Deus”, aceitando o Seu projecto. O segundo é a aprendizagem do perdão.

“Fundamentai o vosso ser família no amor de Deus e renovai-o constantemente pela acção do Espírito Santo” afirma o prelado insular alertando para o tempo exigente que as famílias vivem actualmente.

“Nos tempos em que vivemos, importa reconhecer que o sacramento do matrimónio que introduz na vida de uma nova família não pode ser estático, muito pelo contrário, tem de ser encarado como dinamismo permanente. Eis como se pode saborear a Boa Nova que está presente na beleza e no encanto da família”, afirma destacando os obstáculos que se colocam ao modelo cristão de família “provocados pela desorientação da cultura e da sociedade atual, ou ainda pela manipulação que determinadas ideologias exercem sobre ela”.

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