Conjugar empenho do sacerdote e colaboração dos fiéis

Por Renato Moura

Está confirmada a nomeação do P.e Nuno Fidalgo para a equipa de párocos “in solidum” para dez das paróquias da Ouvidoria das Flores, que, sob a coordenação do P.e Eurico Caetano, integra também o P.e Pedro Aguiar. A paróquia da Fazenda continua a cargo do P.e José Trigueiro.

A Igreja das Flores alegrar-se-á, por voltar a contar com a disponibilidade de três sacerdotes; feliz pelo reforço da equipa com mais um jovem. Deve estar agradecida, pois o Bispo ouviu os apelos fundamentados para nomeação de mais um padre – e jovem –, capaz de se adaptar ao projecto e de contribuir para a consolidação da pastoral “in solidum”.

Do P.e Nuno Fidalgo, ordenado no passado dia 30 de Junho, podemos reter algumas intensões já reveladas por altura da sua ordenação como diácono, nomeadamente as de querer “agir em nome da Igreja pela pessoa de Jesus”, de “dar resposta às necessidades das pessoas e das comunidades”, de “estar atento aos sinais dos tempos” e à “primeira geração de filhos de pais incrédulos”. Dele podemos esperar, pela forma como então se auto-avaliou, uma pessoa “tranquila, bem-disposta, acolhedora, responsável, amiga”, que também é exigente, preza a justiça e é apaixonado pela natureza e pela música.

Sabemos que ele ouviu do seu padrinho, o P.e Ricardo Pimentel, numa homilia de ordenação riquíssima, inspirada em Marcos, “ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”, os desafios de ser um padre do amor, da esperança, do coração, abrindo-se “sem qualquer preconceito aos problemas do mundo” e anunciando a “boa notícia, não um role de condenações e orientações morais”. E dele também traz conselhos cruciais, como sejam os de não dar prioridade à coordenação, à governança, à contabilização, à ocupação de postos de liderança, dos quais, como se sabe a prática presbiteral ainda muito se ocupa, em prejuízo de outros mais próprios da missão insubstituível.

O P.e Nuno foi alertado para as dificuldades que um sacerdote encontra ao dar continuidade ao “Sim” da ordenação, que é o culminar da vocação. Nesta ilha, com características peculiares, vai encontrar incompreensões, vai ter de enfrentar indiferença de alguns, críticas escondidas no anonimato, parcos apoios à acção e escassos louvores mobilizadores. E o seu padrinho alertou-o para uma dificuldade do sacerdócio, que aliás inspirou o título desta peça, que é a falta de “reciprocidade entre o empenho do sacerdote e a colaboração dos fiéis”. Quando todo o povo de Deus souber conjugar estas duas atitudes, maior sucesso surgirá.

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