D.António de Sousa Braga “foi uma lufada de ar fresco” e um homem “com o coração maior que os Açores”

Autoridades civis e religiosas juntam-se para homenagear bispo emérito de Angra no dia em que celebra 20 anos de ordenação episcopal

O bispo emérito de Angra foi um homem “que marcou o seu tempo e deixou um legado que todos devemos olhar” disse o Bispo de Angra, D. João lavrador, no final da homenagem prestada a D. António de Sousa Braga no dia em que celebrou 20 anos de ordenação episcopal.

A data foi assinalada com uma missa de ação de graças presidida pelo prelado mariense, na Sé e concelebrada pela esmagadora maioria de sacerdotes com responsabilidades na estrutura da igreja açoriana.

“Fica tanto trabalho ao longo destes 20 anos de serviço, no Seminário, junto dos padres e dos leigos, enfrentando várias situações com grandes dificuldades que se torna difícil destacar um aspecto”, referiu ao Sitio Igreja Açores D. João Lavrador.

“Foi um homem que marcou este tempo. E basta olhar para o respeito que os diocesanos nutrem por ele para percebermos que foi um homem que com a sua fé, dedicação e inteligência deixou marcas”, precisou ainda o atual prelado diocesano.

A marca da proximidade é, aliás, a que mais é destacada na apreciação a estes 20 anos ao serviço da diocese de Angra.

O 38º bispo de Angra foi o segundo açoriano a desempenhar este ministério. Natural de Santa Maria, D. António de Sousa Braga saíu cedo da ilha- com apenas 13 anos- foi estudar para a Madeira, depois para Coimbra e daí para Roma. Dentro da congregação dos Padres do Coração de Jesus foi formador, reitor e provincial. Quando regressou aos Açores, para ser ordenado bispo de Angra, “foi uma lufada de ar fresco que passou por esta terra e foi também um de nós” disse o presidente da Câmara Municipal de Angra que no ano passado o fez cidadão honorário.

“Teve uma participação social e presença junto das suas comunidades como há muito não se via e isso deixa-nos uma grata memória.  Mais do que um cidadão honorário é um concidadão. Vemo-lo partir com pena mas muito gratos pelo trabalho desenvolvido” acrescentou ainda falando em nome “de todos os Angrenses julgo que posso dizer que  D. António  deixa saudades”.

Ao longo do seu episcopado, ordenou 55 sacerdotes e demonstrou sempre um carinho especial pelo Seminário, onde “ia com frequência e se sentava a comer como um de nós” destaca Monsenhor António da Luz, um dos decanos sacerdotes da região que, durante muitos anos, foi docente na instituição.

“Aparecia, comia connosco…tenho a ideia de uma pessoa muito humilde e com muita cultura mas fazendo prevalecer sempre o seu cristianismo e a sua caridade” disse o sacerdote.

“Correu riscos porque houve pessoas que abusaram da sua bondade, paciência e generosidade provocando-lhe um sofrimento enorme, mas até nisso, como homem de Deus soube sempre perdoar”, acrescentou Monsenhor António da Luz. “Para mim foi um modelo e uma inspiração. Vejo muito a vida do D. António na linha do que hoje admiramos no papa Francisco: é um homem do nosso tempo, para a nova evangelização”.

“A proximidade foi impressionante. Ele saíu à rua, veio ter com o povo e trouxe com simplicidade a sua profundidade” sublinha por seu lado o pe Júlio Rocha.

“O que mais gostaria de destacar é que ele foi um homem com tempo: teve sempre tempo para receber, ouvir e deixar uma palavra aos padres, aos leigos, a todos os que o procuravam e isso fez dele um verdadeiro pastor”, destaca o professor do Seminário de Angra e responsável pela Comissão Justiça e Paz. O sacerdote lembra os momentos difíceis que o prelado viveu, mas frisa que “foi sempre o primeiro a chegar e a deixar uma palavra de conforto”.

“Resistiu a tudo isto construindo uma diocese muito aberta, humana em que todos se sentiam bem. Espero que a forma de ser pastor de D. António seja um ensinamento para todos,  para que todos possamos estar bem, sem receios e sem medos”, concluiu o pe Júlio Rocha.

“Um homem bom, com o coração maior que os Açores” disse, por seu lado, o Cónego Adriano Borges, ecónomo da diocese e um dos mais próximos colaboradores do bispo emérito. Também o vigário geral, o Cónego Hélder Fonseca Mendes, destaca esta relação “próxima, amistosa e fraterna” com D. António de Sousa Braga.

“20 anos na vida de uma pessoa e de uma instituição é muito tempo e ele viveu este tempo com imensa densidade mas ao mesmo tempo simplicidade e humildade”, refere o sacerdote, que é o pároco da Sé de Angra.

Mas não é só o clero que destaca esta proximidade. Também o laicado, que participou esta quinta feira na Eucaristia de ação de graças confirma essa virtude.

“Mais do que um bispo foi um verdadeiro pastor, com uma atitude humilde mas sempre muito inteligente quer no relacionamento pessoal quer no institucional” diz Bento Barcelos Presidente da União das Misericórdias dos Açores e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra.

Já Manuel Pires Luís, responsável pela Junta Regional dos Açores do CNE destaca o “bispo escuteiro, sempre presente na ajuda ao outro”.

“D. António foi um verdadeiro escuteiro sempre presente, com uma mensagem muito apelativa e formativa para os nossos jovens.”, acrescentou.

Anabela Borba, Presidente da Cáritas Açores, destaca também a “presença próxima que deu lugar à amizade e até a uma certa cumplicidade”, refere lembrando “o empenho  e o cuidado para dotar todas as paróquias de mecanismos de resposta aos problemas sociais a que deu particular atenção”.

“Bastava um telefonema para que ele respondesse logo e isso aproximava-o das pessoas, sem protocolos nem outras coisas”, disse ainda a dirigente.

Depois da Eucaristia houve um jantar no Seminário Episcopal.

D. António de Sousa Braga vai estar em Falll River no terceiro fim de semana de agosto onde presidirá às Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra.

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