D. João Lavrador pede ao clero picoense para adequar respostas pastorais para dois fenómenos emergentes: a desertificação e a laicização

Bispo de Angra termina visita pastoral ao Pico, a segunda efetuada este ano pastoral

O bispo de Angra, D. João lavrador, acaba de pedir ao clero da ilha do Pico que tenha como “preocupação permanente” encontrar respostas pastorais que tenham em conta  a progressiva desertificação e laicização da ilha e mitiguem os seus efeitos.

“Há uma realidade que é notória e que deve merecer a nossa atenção: estamos perante uma Ouvidoria com fortes tradições cristãs mas que atualmente sofre uma profunda transformação motivada pela falta de população e pelo crescente laicismo que está a invadir as pessoas, as famílias e as comunidades cristãs”, disse o prelado na reunião com o clero esta manhã, quando se despediu dos picoenses quase dois meses depois de ter iniciado a sua primeira visita pastoral à ilha montanha, a segunda realizada já este ano pastoral.

“Pedia que esta fosse uma preocupação permanente a exigir de todos os que têm responsabilidades na dinamização pastoral o estudo e a atuação adequada. Não basta continuar sempre a fazer da mesma forma como se nada se tivesse alterado”, afirmou o prelado enunciando depois um conjunto de 10 pontos que considera “essenciais” e merecedores da consideração de todos os agentes de pastoral.

“Na maioria das paróquias tem vindo a descer a participação na Eucaristia dominical” facto que “manifesta uma falta de formação adequada e de uma boa iniciação cristã” disse D. João Lavrador sublinhando uma “falta de consciência de pertença comunitária”, nesta igreja particular.

“Grande parte das comunidades cristãs está muito voltada para si mesma e pouco para fora. Há uma debilidade de movimentos e de grupos de evangelização no meio da sociedade” apontou o bispo de Angra pedindo “uma atenção privilegiada à edificação de um núcleo comunitário forte e com cariz missionário, promovendo laços de comunhão, uma vivência sacramental sólida, proporcionar tempos de oração comunitária e formar para a missão na paróquia e no mundo”.

Apesar de reconhecer que a ilha está bem organizada do ponto de vista formal, com conselhos e movimentos a trabalharem naquilo que lhes é possível, do sentimento de pertença à igreja e do apreço que esta merece, D. João Lavrador é critico e deixa pistas aos sacerdotes para poderem dar novas respostas a uma realidade emergente.

Desde logo, uma “atenção privilegiada à cultura atual para melhor evangelizar”.

“A comunidade cristã, através dos seus organismos, deverá saber ver, julgar com critérios evangélicos para melhor atuar no meio social no qual vivemos” afirmou destacando que “Uma das respostas necessárias é a abertura das paróquias aos movimentos que têm capacidade de evangelizar o mundo”.

O bispo fala, igualmente da necessidade de formação dos agentes pastorais que deve ser feita na “proximidade da paróquia ou zona pastoral”, mas também “na Ouvidoria, para a qual deve haver motivação”.

A valorização de certos sectores da pastoral deve ser também um objetivo a perseguir, nomeadamente no anuncio, com a valorização dos catequistas; na liturgia, através da formação de acólitos, leitores, coro e ministros extraordinários da comunhão e na caridades com uma “atenção privilegiada a alguns sectores mais prementes da sociedade”.

O bispo pede, ainda, uma aposta na pastoral familiar, na dos jovens e na vocacional.

No balanço feito pelo prelado há, ainda, uma referência à piedade popular para que se torne “agente de evangelização”.

Depois deixou uma mensagem para os párocos, “insubstituíveis”, que devem “acompanhar, estar presente, formar, orientar, discernir…. O pároco e outros sacerdotes devem assumir o seu papel de verdadeiros educadores e formadores”, disse.

O prelado apelou, por outro lado, ao desenvolvimento de uma “Pastoral de conjunto”, que promova “a comunhão presbiteral” pois “o  caminho de futuro não se compadece com paróquias fechadas em si mesmas”.

Socorrendo-se de palavras do Papa Francisco, D. João lavrador deixou claro que quer uma igreja em saída missionária, disponível para evangelizar.

Durante a visita pastoral à ilha do Pico, a terceira visita pastoral desenvolvida pelo prelado desde que entrou na diocese como bispo titular, D. João lavrador contactou com todas as estruturas da igreja e instituições sociais, educativas e culturais da ilha. A visita foi interrompida durante a Semana Santa e retomada imediatamente a seguir à Páscoa depois da reunião da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal, na qual participou em Fátima.

A ilha do Pico foi a primeira ilha conhecida por D. João Lavrador que ainda na qualidade de bispo auxiliar do Porto presidiu às festas do Senhor Bom Jesus.

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