Destino Açores “não pode deixar de fora” o turismo religioso

Ideia foi defendida no fórum de Turismo promovido esta quinta feira pela Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada

O turismo religioso é hoje um fenómeno “incontornável” e deve existir uma ação conjunta e concertada entre operadores, estudiosos e entidades eclesiásticas, disse esta tarde a professora da universidade dos Açores, Margarida Lalanda durante o III Fórum de Turismo, promovido pela Câmara de Comércio e Industria de Ponta Delgada.

A investigadora que tem obra publicada nesta área, concretamente sobre o Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a festa religiosa mais importante dos Açores, que atrai a Ponta Delgada milhares de turistas, todos os anos, no quinto domingo a seguir à Páscoa, diz que “sem esta ação concertada dificilmente se poderá desenvolver “ uma prática sustentável do turismo religioso.

“É muito importante, sobretudo, que haja uma participação efetiva de quem pratica as principais vivências religiosas do arquipélago porque são estas pessoas que conseguem perceber e identificar as necessidades dos turistas”, precisou a investigadora em declarações ao Sitio Igreja Açores.

“Precisamos desta ação conjunta não só para promover o turismo propriamente dito”, mas também para um “melhor esclarecimento da própria identidade cultural e religiosa”.

Lembrando que o turismo religioso remete para o conhecimento de uma identidade própria de cada comunidade, a docente da Universidade dos Açores destacou a sua importância em termos de “evangelização e missão”, dando a conhecer a beleza de um património que precisa ser lido, transmitido e traduzido.

Margarida Lalanda lembra, de resto que esta descodificação do património religioso é importante quer para quem promove um destino, quer para quem acolhe, quer ainda para quem visita que não pode ser considerado “um intruso”.

A este propósito realçou que não é por acaso que na lógica da igreja católica a Pastoral do Turismo está integrada na pastoral Social e Mobilidade Humana, “dimensão bem reveladora do acolhimento”.

O III fórum de Turismo realizou-se esta quinta feira em Ponta Delgada, numa iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria local, procurando refletir sobre as estratégias a desenvolver para a promoção de um turismo sustentado. Hoje falou-se particularmente de turismo cultural e religioso.

Outra das oradoras foi a diretora do Centro de Artes Contemporâneas, inaugurado em março na Ribeira Grande (Açores), e que recebeu já mais de 6.100 visitantes, na sua maioria mulheres.

O edifício do Arquipélago, com uma área útil de seis mil metros quadrados, teve obras de reabilitação orçadas em 13 milhões de euros, o que lhe valeu uma nomeação para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2015.

“É um espaço do século XIX recuperado, reinterpretado. Um espaço do tempo em que foi fábrica de álcool, secadouro de tabaco e aquartelamento militar. Podemos considerá-lo património edificado”, disse Fátima Marques Pereira, que se mostrou bastante emocionada na sua intervenção pela morte do seu amigo Paulo Cunha e Silva, vereador da Cultura da Câmara do Porto, na quinta-feira.

Este encontro acontece um dia depois de ter terminado o Encontro Nacional da Pastoral do Turismo de Aparecida (Brasil).

Portugal esteve representado, entre outros pelo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Portuguesa que se referiu ao turismo como “um fenómeno incontornável e mundial”.

“A Igreja vive essencialmente para evangelizar e o Papa Francisco diz que a evangelização, hoje, tem de acontecer por realidades e experiências totalmente novas. O turismo é hoje um fenómeno incontornável e mundial, em ritmo crescente, por isso, a Igreja não pode fugir à responsabilidade de estar presente”, disse D. Jorge Ortiga no segundo Encontro Nacional da Pastoral do Turismo de Aparecida (Brasil).

O presidente da Comissão da Pastoral Social e Mobilidade Humana, do episcopado português, explicou a diferença entre oferecer um serviço apenas turístico, turismo religioso, e levar os turistas a uma “experiência de fé e encontro com Cristo”, que é “a missão da Pastoral do Turismo”.

O também arcebispo de Braga frisou que “é importante” que ao Turismo Religioso se acrescente uma “verdadeira Pastoral do Turismo”, um setor importante que deve fazer parte da “organização de uma diocese”.

“Como pastoral que esteja no Turismo, para clara e inequivocamente anunciar Cristo como Boa Nova, como alegria, como caminho de felicidade”, observou, em entrevista ao portal A12, do Santuário Nacional de Aparecida.

O segundo Encontro Nacional da Pastoral do Turismo, decorreu em Aparecida, Estado de São Paulo, Brasil, e reuniu 80 pessoas, contando-se 20 padres e dois bispos, para discutir questões referentes à identidade e a missão da Pastoral do Turismo no Brasil, nos dias 04 e 05 de novembro.

 

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