Três sacerdotes celebram jubileus em ano de sede vacante na diocese de Angra

Festa decorre na catedral, este domingo, às 18h00

A diocese de Angra celebra este ano três jubileus sacerdotais, numa cerimónia que se realiza este domingo, na Sé de Angra, com uma eucaristia presidida pelo Administrador Diocesano.

“Eis um testemunho vivo e vivido da pastoral vocacional, na nossa igreja local, na semana que é especialmente dedicada à oração por esta intenção tão necessária na vida da Igreja” refere o cónego Hélder Fonseca Mendes na carta convite que endereçou aos sacerdotes.

As bodas de prata (25 anos) dos padres José da Encarnação Cabral e Francisco Sales Diniz e as de diamante(60 anos) do padre Fernando Teixeira, serão celebradas na Catedral, seguindo-se um jantar no Seminário Episcopal de Angra, onde os presbíteros se formaram.

Todos naturais dos Açores, os sacerdotes serviram em diferentes áreas a igreja dos Açores.

Padre Fernando Teixeira: uma vida ao serviço que moldou as comunidades de São Roque e Santa Clara, em Ponta Delgada

O padre Fernando Teixeira, que atualmente colabora na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Lajedo em Ponta Delgada, apesar de aposentado, foi durante quase três décadas padre em São Roque na ilha de São Miguel, onde também serviu na paróquia de Santa Clara. É ainda o Presidente da Direção da Obra do Padre Américo nos Açores e da Casa do Gaiato da ilha de São Miguel.

“A Igreja que viva o Evangelho e logo que este seja colocado em prática é sempre uma Igreja viva. Hoje há menos participação do que antes mas isso não significa que as pessoas não sejam crente”, refere preferindo dizer que é precisa alguma capacidade de inovação. Como aquela que se viu forçado a experimentar quando chegou pela primeira vez a São Roque. Era a primeira paróquia da periferia de uma grande cidade que servia.

“Foi bom porque eu sabia muita coisa apenas na teoria e no pensamento.. E quando comecei a correr as ruas e a descobrir que afinal o meu sacerdócio não estava a ser vivido corretamente, tive me mudar e aí percebi que não temos que esperar pelas pessoas na igreja mas ir à casa delas”, afirma ao Igreja Açores.

“Os filhos eram muitos, os problemas, a pobreza, as dificuldades… não pude deixar de por as mãos à cabeça e fazer um exame” e a primeira coisa que fez, adianta, foi criar uma equipa para esclarecer sobre o planeamento familiar.

“Não era fácil naquela altura, sobretudo a um padre” adianta. Depois, “criámos um curso de culinária para as mães, outro de corte e costura para dar ferramentas para uma atividade, criámos um Centro Social e Paroquia onde acolhíamos as crianças, na creche , no jardim de infância e depois uma casa para os sem abrigo…”.

“Hoje sinto-me feliz como homem e muito mais feliz como sacerdote porque no dia em que me ordenei e estava prostrado na Catedral só pedia ao Espirito Santo que me dissesse se podia continuar ou era ainda tempo de desistir. Hoje, dou graças a Deus por ter continuado”, afirma

“Foi em contacto com as pessoas, e os seus problemas, alguns muito graves que me senti melhor como padre. Para mim era um povo muito simpático. Conversávamos muito; havia a necessidade do diálogo, das perguntas que não tinham resposta na família. Foi muita felicidade a confiança que depositaram neste metro e oitenta de fragilidade e sinto-me muito grato”.

“Procurei viver o sacerdócio  o melhor que pude; coloquei-me ao serviço. Acho que é isso o sacerdócio”, refere.

Padre José da Encarnação Cabral: “o grande desafio é a vivência do Cristianismo com o espírito das origens”

O padre José de Encarnação Cabral é natural da ilha de Santa Maria e é professor de Educação Moral e Religiosa Católica. Além disso é membro da equipa da pastoral de comunicação da diocese, colaborador da equipa sacerdotal que serve as paróquias de Santa Clara e Fajã de Cima, e o responsável pela implementação do Programa Informático de Paróquias e Diocese.

“Sinto-me imensamente agradecido a Deus pelo facto de me ter feito aparecer neste mundo, neste tempo e neste lugar, em particular numa família cristã, e de ter semeado em mim desde muito cedo o gosto pela Igreja”, refere ao Igreja Açores.

“Estou igualmente grato pela comunidade cristã que me serviu de berço, aos seminários menor e maior onde fui podendo questionar a minha vocação e expresso extrema gratidão pelas paróquias, comunidades e serviços que me foram confiados e me fizeram crescer não só humanamente como cristã e espiritualmente” afirma ainda.

“Entendo que ser pastor é servir o único pastor Jesus Cristo. Ao longo deste quarto de século o Bom Deus tem sido muito criativo em muitas e diversas situações para as quais tem estimulado as minhas humildes capacidades e tem concedido muitas bênçãos” diz sublinhando que “continua a ser igual como há 25 anos, certo de cada dia e cada tempo tem uma especificidade própria exigindo também respostas próprias”.

“No tempo presente o grande desafio que a Igreja vive é a grande interpretação das pérolas do Concilio Vaticano II, isto é, a vivência do Cristianismo com o espírito das origens, no contexto de pequenas comunidades onde os irmãos são fieis aos ensinamentos dos apóstolos, à fracção do pão à oração e onde põem tudo em comum. Reconheço agradecido que tudo isto tenho tido oportunidade de viver no âmbito da iniciação cristã de adultos do itinerário Neocatecumenal”.

É, de resto, um dos assistentes do Caminho em São Miguel.

Padre Francisco Sales: de Roma para os Açores, em busca da juventude

O padre Francisco Sales é natural da ilha Terceira e atualmente é pároco das Cinco Ribeiras e de São Bartolomeu, na ilha Terceira. Pertence à Ordem dos Frades Menores Franciscanos.

“Regresso aos Açores 25 anos, já são uns aninhos… A sociedade está a mudar rapidamente” adianta destacando particularmente a questão da juventude, área pastoral em que se formou na Universidade Salesiana de Roma.

“Hoje os jovens estão mais afastados, alheados e com outros interesses mais afastados da religião, o que torna tudo mais difícil”.

“É uma questão que já vem de trás mas que se tem acentuado 2 refere.

“Quando  nos ordenamos temos as nossas expectativas, que nem sempre depois têm correspondência na realidade mas o importante é que nós não trabalhamos para nós mas para Deus” diz ainda.

Estes três sacerdotes assinalam os seus jubileus neste mês de junho, mês do Sagrado Coração de Jesus.

 

 

 

 

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