Dom João Lavrador pede aos reclusos que “não desistam de sonhar” e “que encontrem sentido para a vida”

Bispo Coadjutor de Angra celebrou no estabelecimento prisional de Ponta Delgada

O Bispo Coadjutor de Angra celebrou esta manhã no Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada e pediu aos reclusos para aproveitarem este momento “como uma oportunidade para dar um novo sentido à vida”.

Neste IV fim de semana do Advento– tempo de preparação para o Natal no calendário católico – D. João Lavrador lembrou que há dois mil anos os cristãos eram um povo abandonado, sem liberdade e que soube vencer “alicerçado na palavra e no amor de Deus”.

“Assim somos nós” disse o prelado diocesano convocando os reclusos a “aproveitarem este momento forte” para se tornarem “instrumentos da ternura e do amor de Deus”.

“Todos os momentos da nossa vida, com todas as nossas circunstâncias devem ser vistas como oportunidades que Deus nos dá para encontrarmos um sentido para a vida, cientes de que Ele nunca nos faltará”.

“Segui em frente; nunca deixeis de sonhar porque ireis vencer e daqui a alguns anos quando nos encontrarmos noutros contextos vocês vão-se lembrar disto que vos estou a dizer”, disse ainda D. João Lavrador.

“Ninguém tem a liberdade absoluta porque ninguém experimenta o Amor absoluto de Deus e por isso este é o grande desafio que temos pela frente: prosseguir a nossa conversão, cientes de que temos todos problemas para os quais parece não haver solução, mas no final contamos sempre com Deus e nenhuma pessoa está excluída”, precisou.

“Segui em frente, com coragem, no vosso percurso. Estamos irmanados porque todos somos filhos de Deus”, concluiu.

Esta celebração Eucarística, que contou com a presença do capelão do estabelecimento prisional, Cónego João Maria Brum e do diretor da cadeia de Ponta Delgada, Luís Monteiro, e três visitadores habituais (2 delas religiosas), foi o primeiro ato oficial público de D. João Lavrador na ilha de São Miguel, onde vai estar até ao Natal, celebrando entre outras as duas missas principais de Natal (na noite e no dia de Natal) na Igreja Matriz de Ponta Delgada.

“Eu sonhava estar convosco. Não vos trago nada, apenas me trago a mim e isso é o que temos de melhor: podermos dar-nos aos outros” destacou o Bispo Coadjutor de Angra.

O prelado já tinha celebrado na semana passada no Estabelecimento Prisional de Angra, num gesto que cumpre um “programa” estabelecido à entrada na Diocese quando anunciou que a sua missão era “servir” tendo em conta “sempre os mais excluídos e marginalizados”.

O Estabelecimento prisional de Ponta Delgada é o mais antigo do país e carece de uma profunda reabilitação de espaço. Atualmente com cerca de duas centenas de reclusos, na sua maioria a cumprir penas por tráfico de droga e furto, está sobrelotado desde 1995 e desde 1976 é a única cadeia portuguesa que tem um apoio permanente do Serviço Regional de Saúde e um programa de apoio ao recluso.

A ilha de São Miguel é, no contexto do arquipélago, a ilha mais povoada e também aquela que apresenta os maiores índices de criminalidade, representando 75% da população reclusa dos Açores. De resto é a ilha que apresenta uma das maiores taxas de reclusão da Europa, registando uma média de 450 reclusos por 100 mil habitantes, só comparável à Ucrânia, já que a média nacional é de 130 reclusos por cada 100 mil habitantes.

Atualmente cumprem pena nesta cadeia cerca de 200 reclusos, 3 deles mulheres. Mas a população prisional micaelense está distribuída pelo continente (300), ilha terceira (100) e Madeira (70).

O problema do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, não sendo novo, tem estado na ordem do dia, nas últimas semanas, com sucessivas intervenções públicas de todos os quadrantes políticos e sindicais a solicitarem ao Governo da República um novo estabelecimento prisional para Ponta Delgada.

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