Ermida da Ladeira Grande celebra padroeiro da diocese Beato João Batista Machado

Esta ermida na ilha Terceira é a única dedicada ao mártir

A única igreja dedicada ao mártir beato João Batista Machado, padroeiro principal da diocese de Angra acolhe hoje, no dia da sua festa, uma eucaristia às 20h00.

A ermida, localizada na paróquia da Ribeirinha, na ilha Terceira, foi fundada pela vontade popular e apoiada pelo Pe. António de Ornelas Simões, autor do projeto que viria a ser desenvolvido em 1967, há 52 anos.

A bênção da primeira pedra foi feita pelo então Patriarca das Indicas Orientais, D. José Vieira Alvernaz, tendo sido aberta ao público em 1970 e dedicada a este mártir que é também o padroeiro da diocese de Angra.

Por isso, hoje, no dia da sua festa litúrgica, os sinos dobrarão em todas as igrejas da diocese.

Beatificado há 150 anos, juntamente com os designados Mártires do Japão, João Batista Machado nasceu nos Açores, na ilha Terceira, em 1582, filho de Cristóvão Vieira e de Maria Cota da Malha, uma família ligada à mais antiga e distinta aristocracia da ilha Terceira. Foi baptizado na Sé de Angra, onde frequentou a escola até aos 15 anos, idade com que parte para Lisboa e depois Coimbra.

Estudou no colégio da Companhia de Jesus de Coimbra, a onde chegou no ano de 1597, com apenas 15 anos de idade. Depois partiu para a Índia em 1601, com outros 15 companheiros jesuítas.

No Oriente continuou a frequentar os estudos dos colégios da Companhia de Jesus, tendo estudado Filosofia em Goa e Teologia em Macau, sendo ordenado sacerdote em Goa.

Partiu como missionário para o Japão em 1609, já quando ordens do imperador japonês determinavam que os missionários cristãos deveriam abandonar o território nipónico.

Depois de estudar a língua japonesa no Colégio Jesuíta de Arima, iniciou as suas tarefas de missionação, acabando por se fixar na cidade de Gotō, no sul do arquipélago japonês.

Resolveu permanecer no Japão após ter recebido em 1614 ordem imperial para abandonar as ilhas. Passou, então, a missionar na clandestinidade, trabalhando, disfarçado, para acudir às necessidades espirituais das comunidades cristãs japonesas existentes no sul do arquipélago. Em Abril de 1617 foi descoberto e preso quando confessava um grupo de cristãos.

Foi levado para a cidade de Omura, nos arredores de Nagasaki, e encarcerado na prisão de Cori, sendo executado por decapitação a 27 de Maio de 1617, no monte Obituri, juntamente com cerca de 100 cristãos de várias congregações.

Por coincidência, aquele dia era o Domingo da Santíssima Trindade, nos seus Açores natais, também conhecido na Terceira como o dia do Segundo Bodo.

Com ele foi executado o franciscano português frei Pedro da Assunção. Rezam as crónicas que aceitou com serenidade a morte, considerando-a um martírio. Tinha então 37 anos de idade, estando há 20 anos na Companhia de Jesus, há 16 anos no Oriente e há 8 anos no Japão.

O Papa Pio IX beatificou-o, a 7 de Maio de 1867, juntamente com outros 205 mártires vítimas da mesma perseguição, num grupo que ficou conhecido como os Beatos Mártires do Japão.

Por diligências do bispo D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel realizou-se a 30 de Abril de 1876, na igreja do Colégio dos Jesuítas de Angra, a primeira festividade Pontifical em honra do glorioso mártir cristão beato João Baptista Machado, cuja imagem aquele bispo ofertara e nesse dia benzera, proclamando-o patrono da cidade, da ilha e da diocese.

Em 1962 foi declarado pelo papa João XXIII protetor especial da Diocese de Angra, sendo 22 de Maio a sua data de veneração.

A Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, na altura presidida por Agnelo Ornelas do Rego, declarou beato João Baptista Machado como patrono do Distrito de Angra e promoveu, durante anos, no dia 22 de Maio, uma sessão solene em sua homenagem. Além de ter sido declarado Padroeiro principal da Diocese de Angra, a sua imagem está exposta em várias igrejas da diocese e na diáspora açoriana, em esculturas e vitrais.

Dá nome a uma rua na cidade de Angra e a uma travessa na freguesia da Ribeirinha. Empresta, ainda, o seu nome a um Jardim-de-infância, a uma Escola do 1º Ciclo, um Centro Residencial Juvenil e uma Cooperativa de Consumo. Tem um monumento numa praça pública da cidade de Angra.

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