Toxicodependência, baixos rendimentos e demências são os problemas mais graves das comunidades paroquiais açorianas

Diocese apresenta conclusões do inquérito feito às paróquias sobre a realidade social em cada comunidade

A questão da droga e das dependências em geral; os rendimentos baixos e os problemas associados à saúde mental constituem as três grandes questões associadas à pobreza nos Açores, conclui um estudo desenvolvido pelo Serviço Diocesano da Pastoral Social da igreja açoriana que foi hoje apresentado em Angra, integrado no encontro “Os pobres não podem esperar”.

A reunião, presidida pelo bispo de Angra e participada por vários agentes da pastoral social, que será repetida amanhã em Ponta Delgada e no dia 10 de dezembro na Horta, procura “desafiar  toda a diocese no sentido de ter um olhar teologal sobre a realidade convidando todas as pessoas ligadas à igreja , que têm um trabalho junto dos mais feridos da vida, a ter uma ação mais assertiva” disse ao Sítio Igreja Açores o Pe Duarte Melo.

Este encontro nasceu da necessidade de partilhar os resultados de um inquérito feito pelo serviço diocesano às 165 paróquias da diocese de Angra sobre os problemas sociais mais comuns. Destas apenas 71 responderam, o que “é lamentável” segundo o diretor diocesano da pastoral social, que não deixa de sublinhar que não chegaram quaisquer conclusões de uma ilha e de uma ouvidoria.

“Mas enfim, das respostas obtidas é certo que as questões da toxicodependência estão muito ligadas à pobreza; tal como os baixos rendimentos de famílias que trabalham mas não conseguem ultrapassar a pobreza estrutural ou, ainda, os problemas relacionados com a saúde mental” refere o sacerdote.

“Há muita gente deprimida, com doenças do foro mental e este problema está a afetar também as famílias”, refere.

“São sinais de alerta que implicam uma nova atenção que exige uma ação mais assertiva, e a igreja o que quer com este inquérito, e com estes encontros tripartidos, é mostrar-se disponível e pronta para em conjunto encontrar as melhores soluções para agir”.

O Pe Duarte Melo, que desde o inicio do ano pastoral é o novo responsável pela pastoral social, prioridade elencada pelas orientações diocesanas para este ano de 2016/2017, lembra que “sem um conhecimento dos problemas reais não podemos agir”. Agora “que temos esse conhecimento temos de ser capazes de dar uma resposta diferente”, carescenta frisando “o empenho” do bispo de Angra neste compromisso.

“Desde que chegou à região tem feito da pastoral social a sua preocupação ciente de que há muitos problemas de pobreza com diversas gramáticas: falta de recursos materiais, pobreza infantil, violência, comportamentos dependentes e este inquérito mostra que temos de agir em conjunto”.

Depois deste encontro, o Serviço Diocesano da Pastoral Social quer criar uma plataforma virtual onde os diferentes agentes da pastoral social da igreja possam interagir partilhando práticas, recursos, soluções e sugestões de intervenção social.

Recorde-se que no inicio do ano pastoral este Serviço enviou a todas as paróquias um questionário com 16 perguntas para tomar o pulso às ações já desenvolvidas ou em curso no âmbito da ação social, intitulado “Diagnóstico de ação social na paróquia”. O questionário pretendia saber qual é o problema social de maior relevância em cada uma das paróquias; dificuldades sentidas nas respostas por parte das paróquias; que respostas são dadas e por quais serviços; quem está envolvido na ação social ou como é que a paróquia obtém recursos para fazer face à ajuda que presta, entre muitas outras questões que aferem a existência do trabalho em rede; se existem empresas de economia solidária, etc.

O encontro será repetido amanhã no centro Pastoral Pio XII em Ponta Delgada, a partir das 14h30.

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