Festa do Senhor Santo Cristo “é de uma identidade muito micaelense”

Investigadora faz leitura desta festa e compara-a à do Espírito Santo

Ao contrário do Espírito Santo que é uma festa marcada pela relação social com o outro, a festa do Santo Cristo tem uma dimensão pessoal relacional com Deus que revela “muita da identidade micaelense”, diz a professora universitária Margarida Lalanda que, em 2007, escreveu o Livro “O Senhor Santo Cristo”.

A docente e investigadora da Universidade dos Açores, que tem dedicado grande parte da sua obra publicada às congregações religiosas nos Açores, nomeadamente as de clausura, é a entrevistada do programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, a partir do meio dia.

Margarida Lalanda escreveu também a fundamentação histórica que acompanhou o processo da Madre Teresa da Anunciada, a religiosa clarissa que impulsionou este culto, e que permitiu a declaração de venerável pelo Vaticano.

Para a investigadora o culto do Senhor Santo Cristo é uma festa que revela “uma identidade muito micaelense, que acabou por se estender a outras ilhas, mas que nem por isso se deixou influenciar por elas”, refere. Ao contrário do Espírito Santo que é uma festa vivida em todas as ilhas de forma peculiar, com cada uma a interpretar de maneira distinta aquilo que é a sua dimensão social.

“Enquanto que no Santo Cristo a relação é entre a pessoa e Deus, um Deus que sofre; no Espírito Santo procuramos balizas para nos relacionarmos e partilharmos com os outros” sublinha lembrando, no entanto, que esta é uma opinião que resulta mais da observação do que de um investigação histórica rigorosa.

Aliás, para a docente da Universidade dos Açores não deixa de ser curioso que muitas das pessoas que aderem a esta festa, “ou porque pedem proteção ou porque querem agradecer uma graça” fazem-no muitas vezes de uma “forma pontual”, sem qualquer outro compromisso com a igreja ao longo do ano.

“Trata-se de uma busca de verdade na sua relação com Deus, a procura e reforço de uma identidade que as fortalece, sem mediadores”, precisa.

Além desta entrevista o programa de domingo aborda a festa do santo Cristo deste ano, com pequenas entrevistas aos bispos de Angra e emérito de Angra e ao Reitor do Santuário do Senhor santo Cristo dos Milagres, e que pára também nas Flores para dar nota do “retiro andante” e das primeiras jornadas bíblicas da ouvidoria florentina. Também fica neste programa um testemunho sobre a semana da vida que começa no próximo dia 15 de maio.

O programa de Rádio Igreja Açores é apresentado por Tatiana Ourique e é uma edição da diocese de Angra.

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