Festa da Serreta com fiéis mas com distância física e sem vigílias noturnas

Padre João Pires pede aos devotos confiança e esperança. Novenário começa esta noite.

O santuário mariano de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, ilha Terceira, celebra a sua festa maior a 12 de Setembro e pelo segundo ano consecutivo, a imagem não percorrerá as ruas da freguesia, mas mantém-se o programa habitual com a participação dos peregrinos, que ainda não poderão permanecer em vigilia durante a noite.

O novenário preparatório da festa que tem como tema “Com Maria, a beleza de caminharmos juntos em Cristo, Caminho, Verdade e Vida” arranca esta sexta-feira e será pregado pelo padre José Júlio Rocha,  assistente da Comissão Diocesana justiça e paz e pároco do Porto Martins e Fonte do Bastardo.

O Santuário, entre os dias 3 e 12 de setembro, abre às 08h00 e encerra às 24h00.  Todos os dias a pregação estará a cargo do sacerdote, que é professor no Seminário Episcopal de Angra. As missas nocturnas dos dias 10 e 11 de Setembro serão, este ano, às 22h00.

No dia 12 de Setembro serão celebradas missas às 9h00, 11h00, 14h00 e 16h00.

Durante o novenário o Santuário terá entre as 18h00 e as 20h00, dois sacerdotes para acolherem os peregrinos no sacramento da reconciliação para que “através de uma simples escuta ou conversa transmitirem algum conforto que minimize os efeitos colaterais e devastadores desta pandemia” refere uma nota enviada ao Igreja Açores pelo reitor do Santuário, padre João Pires.

“O santuário só pode levar dois terços de sua capacidade total, por isso, a entrada e o recinto estarão devidamente assinalados e monitorizados pela Reitoria e pelas Equipas de Ordem e Acolhimento do Santuário”, esclarece ainda a nota.

O Novenário e a celebração das 16h00 do dia 12 de Setembro serão transmitidos pela Vitec a partir da plataforma Meo 124432 ou no seu botão azul do comando HD, na plataforma NOS 187, pela internet https://www.azorestv.com/ e pelo Rádio Clube de Angra https://www.rcangra.pt/player.php.

“O colo da Virgem Maria é o aconchego, é o lugar seguro que todo o filho necessita, principalmente nos momentos difíceis da vida. Quando um filho tem necessidade, a mãe é aquela que tudo providencia, que se preocupa com os detalhes e não deixa faltar o necessário” diz o responsável pelo Santuário na mensagem para este ano.

“Quando somos invadidos pelos problemas económicos, pelo desemprego, pela precariedade, pelos problemas de saúde, pela desestruturação das famílias, pela falta de perspectiva futura, pelo incerto que atormenta os jovens, pela tristeza, angústia existencial ela nos segura pela mão e nos acolhe no seu colo de Mãe”, acrescenta o padre João Pires que convida os peregrinos a confiarem-se “ás mãos da Virgem”.

“ Se entregarmos tudo nas mãos da Virgem Maria e fizermos tudo o que Jesus nos disser, como ela nos ensina (cf.Jo2,5b) experimentaremos o melhor vinho, que ainda está por vir” refere ainda..

“A Virgem Maria, sob a invocação de Senhora dos Milagres, estrela da manhã, continua com a sua mão aberta a oferecer-nos Jesus Caminho, Verdade e Vida e com a outra mão a indicarmos a Eucaristia e a meditação do Rosário”, conclui o reitor.

A solenidade de Nossa Senhora dos Milagres teve origem no século XVII e está ligada a vários momentos difíceis da história do arquipélago e de Portugal, com as comunidades a virarem a sua esperança para Maria.

De modo particular destaca-se o período em que Portugal se viu envolvido na guerra entre a França e a Espanha contra Inglaterra. Numa altura em que a Ilha Terceira não tinha qualquer tipo de fortificações e estava quase indefesa,  a esperança das autoridades e das pessoas voltou-se para a intercessão de Nossa Senhora dos Milagres, cuja imagem estava colocada na igreja das Doze Ribeiras.

Ficou a promessa de que “caso a ilha não sofresse qualquer investida inimiga”, a comunidade iria promover uma festa anual em honra de Nossa Senhora, o que veio a acontecer.

A primeira celebração dedicada a Nossa Senhora dos Milagres aconteceu a 11 de setembro de 1764 mas esta devoção afirmou-se definitivamente a partir de 1842.

Se esta peregrinação começou com um pedido de intercessão ou proteção contra a guerra, hoje as orações das pessoas vão sobretudo ao encontro de dificuldades sociais como o desemprego, a doença e a crise nas famílias.

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