Festas de Santa Maria Madalena terminam com apelo à reconstrução da esperança

Pregador das Festas sublinha que a sociedade atual precisa de “recentrar” prioridades.

A sociedade tem de ser capaz de repensar as suas prioridades valorizando o que é essencial e promovendo uma verdadeira cultura de encontro, disse esta tarde o Pe José Júlio Rocha, pregador convidado das Festas de Santa Maria Madalena, as primeiras festas concelhias da ilha do Pico, que terminam esta terça feira.

 

“Nós vivemos numa época marcada pela ideia de eficiência onde só as coisas uteis valem, mas nem sempre essas são as mais importantes. Se fizermos uma retrospetiva da vida de cada um de nós, percebemos que nas nossas recordações estão sobretudo os gestos de amizade e de amor que vivemos”, afirmou o sacerdote.

 

Partindo do Evangelho e, lembrando o papel central de Maria Madalena, padroeira destas festas, na construção de uma teologia do Amor e da Esperança, o professor de Teologia Moral do Seminário Episcopal de Angra, sublinhou que os momentos de “maior dificuldade” são aqueles que nos “recentram as prioridades”.

 

“Vivemos num tempo cheio de tudo mas parco em esperança. Esta crise, que nos afecta desde 2008, veio-nos apontar aos olhos e à consciência que pusemos a esperança onde não devíamos; perdemos o sentido da inutilidade e perdemos o essencial da vida que é o encontro com o outro”, sublinhou o Pe José Júlio Rocha.

 

O sacerdote, que pregou toda a semana no novenário preparatório destas solenidades, e hoje foi responsável pela homilia da missa solene, presidida pelo Pe João Bettencourt das Neves,  deu como exemplo a juventude, que não sendo diferente da de outros tempos (já o poeta grego Sócrates 400 a.c dizia que a juventude estava perdida)vive hoje um “ desassossego marcado e empacotado pelos valores materiais” e, por isso, os jovens devem ser os primeiros a sair deste “labirinto”, redescobrindo o “verdadeiro valor da fé, da esperança e do amor que é aquilo que move a vida”.

Concelebração

 

Durante a celebração eucarística desta terça feira foi, ainda, lembrado Monsenhor José de Lima, falecido há dois anos, filho da terra e fonte de inspiração para muitos dos sacerdotes que hoje concelebraram nesta festa, nomeadamente os Padres João Bettencourt das Neves e José Júlio Rocha que lembrou o seu antigo diretor espiritual como “um construtor de pessoas” e por isso “cada coração por ele construído há de erguer-lhe um monumento” em sinal de reconhecimento.

 

Depois da celebração houve a procissão pelas principais ruas da vila da Madalena que hoje viveu o seu feriado municipal.

 

Pelas 10h30 da manhã houve eucaristia animada pelo Agrupamento 904 de Santa Maria Madalena do CNE com celebração do Sacramento do Batismo. Depois, pelas 12h00, procedeu-se à habitual bênção de viaturas que passavam em frente à igreja saudando a padroeira com os mais diversos sons de buzinas.

 

Pelas 15h30 foi a vez das filarmónicas desfilarem e saudarem Santa Maria Madalena com os seus hinos. Este ano foram sete as filarmónicas que participaram na festa incorporando-se na procissão: além das três do concelho – Lira Madalenense ,  União e Progresso Madalense e  a Lira de São Mateus- e quatro de fora –  a Recreio dos Pastores de São João, União Artista de São Roque, União Faialense da ilha do Faial e Louriçal do Campo do concelho de Castelo Branco.

As festas em honra de Santa Maria Madalena inauguram as festividades de verão da ilha do Pico e dos Açores e associam ao programa religioso um vasto programa de cariz cultural, que se prolongou durante mais de uma semana.

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