Francisco denuncia perseguições contra cristãos

Papa exige respeito pela liberdade religiosa e fim da violência

O Papa denunciou hoje no Vaticano as perseguições contra cristãos em várias partes do mundo, exigindo o fim da violência e o respeito pela liberdade religiosa de todos.

“Há mais mártires [hoje] do que nos primeiros séculos [do Cristianismo]”, alertou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do ângelus.

Francisco desafiou a comunidade internacional a “fazer alguma coisa” para que “se ponha fim à violência e aos abusos”.

“Também hoje, no Médio Oriente e noutras partes do mundo, os cristãos são perseguidos”, lamentou.

Os episódios de violência ou discriminação contra as comunidades cristãs têm-se verificado em particular na Síria, Iraque, Paquistão, Nigéria ou China, com destaque para a ação de grupos fundamentalistas como o autoproclamado ‘Estado Islâmico’ ou o ‘Boko Haram’.

O Papa falava a respeito da beatificação do bispo sírio-católico Flaviano Michele Melki (1858-1915), martirizado durante o chamado ‘genocídio assírio’, que teve lugar este sábado em Harissa, Líbano.

“No contexto de uma tremenda perseguição contra os cristãos, ele foi defensor incansável dos direitos do seu povo, exortando todos a permanecer firmes na fé”, referiu.

Francisco deixou votos de que a beatificação deste bispo mártir seja para os fiéis da região um sinal de “consolação, coragem e esperança”

“Que seja também estímulo para os legisladores e os governos, para que a liberdade religiosa seja assegurada em todos os lugares”, acrescentou.

O Beato Flaviano Michele Melki foi morto ‘por ódio à fé’ no dia 29 de agosto de 1915 em Djézireh, atual Turquia, durante um massacre perpetrado contra arménios e membros de outras comunidades cristãs.

Neste domingo, o Papa recordou também as 71 pessoas, possivelmente refugiados sírios, que terão morrido asfixiadas num camião que foi encontrado esta quinta-feira numa autoestrada da Áustria, quando tentavam entrar no país.

“Confiamos cada uma delas à misericórdia de Deus e pedimos-lhe que nos ajude a cooperar com eficácia para impedir estes crimes, que ofendem toda a família humana”, disse, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a recitação da oração do ângelus.

Francisco saudou em particular o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, presente no Vaticano, e uniu-se a toda a Igreja Católica na Áustria “na oração pelas 71 vítimas, entre elas quatro crianças, encontradas num camião na autoestrada Budapeste-Viena”.

O Papa recordou ainda todos os que, “nos últimos dias perderam a vida nas suas terríveis viagens”.

“Rezo e convido a rezar por estes irmãos e irmãs”, assinalou, antes de pedir um momento de oração em silêncio, aos presentes na Praça de São Pedro – incluindo um grupo de escuteiros de Lisboa – por “todos os migrantes que sofrem e pelos que perderam a vida”.

Um novo camião com refugiados foi descoberto esta sexta-feira, transportando 26 pessoas, entre elas três crianças em estado crítico.

A este respeito, a confederação internacional da Cáritas defende que a atual crise dos refugiados na Europa exige uma ação concertada de “solidariedade” e de “proteção a estas populações”.

 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados revelou que mais de 300 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo desde janeiro e mais de 2500 pessoas morreram no mar quando tentavam alcançar a Europa, em 2015.

CR/Ecclesia

 

Scroll to Top