Jovem sacerdote diz que é preciso que a lei não se sobreponha à pessoas e alerta para o perigo do imobilismo legalista

Novenário de Santa Maria Madalena terminou esta sexta feira. Amanhã a solenidade é presidida pelo bispo de Angra

O jovem sacerdote, Pe. Jacob Vasconcelos, encerrou hoje o novenário de Santa Maria Madalena desafiando os cristãos a não deixarem que a tentação do legalismo se sobreponha ao interesse dos homens.

A partir da liturgia do dia, o sacerdote lembrou que os cristãos de hoje não devem cair na tentação dos fariseus e dos escribas do tempo de Jesus.

“Convém não esquecermos que o perigo dos escribas e fariseus pode ser também nosso, hoje. As leis que existem, em sociedade e em Igreja, estão ao serviço do homem. Não convém, nunca, inverter os papéis”, disse o mais jovem sacerdote da igreja diocesana insular.

“Muitas vezes, a lei é usada como desculpa para não se fazer caminho com as pessoas, tendo em conta as suas situações e contextos” acrescentou salientando que não era isso que Jesus fazia.

“É muito mais fácil dizer: “Isto é proibido porque sim” em vez de nos colocarmos ao lado de quem sofre, explicando os porquês das situações e compreendendo as reais necessidades de cada um. Era isto que Jesus fazia”, adiantou.

“Refugiar-se na letra da lei significa uma falta de vontade de tocar a vida real, preferindo apontar com o dedo o que deve ou não ser feita, com uma frieza que não é própria de um discípulo de Jesus. Sempre que, como os fariseus, vivemos obcecados em rigorismos e observâncias, não conseguimos crescer nem ajudar os outros a crescer. As regras e leis têm a função essencial de ajudar o homem a cumprir o amor, na sua relação com Deus e uns com os outros. Do proceder do cristão há algo mais importante do que ritos e observâncias” concluiu esta sexta feira.

Na homilia da missa do último dia do novenário, o Pe. Jacob Vasconcelos desafiou os cristãos a escreverem e a criarem a sua própria história da salvação.

“Hoje, gostaria de lançar um desafio a cada um de nós aqui presente: Vamos escrever a nossa própria história da salvação. Vamos recordar todos os momentos em que sentimos a presença e, talvez, a ausência de Deus, pois a fé também passa por momentos de noite escura”, disse.

“Escrever ou simplesmente recordar a nossa história da salvação ajuda-nos a perceber que nunca estivemos verdadeiramente sozinhos, que Deus esteve sempre presente e atento e que já, tantas vezes, nos amparou com a Sua mão poderosa”, afirmou ainda.

“Infelizmente, o nosso esquecimento espiritual leva-nos a lançar para trás das costas essas situações e recordarmos, sobretudo, os momentos maus e em que nos sentimos sozinhos…Se tivermos presente a nossa história da salvação, teremos outro ânimo, outra força para caminhar e seremos mais gratos, porque nos recordaremos de tantas situações que a poeira da vida nos foi fazendo esquecer”, concluiu.

Depois exortou os presentes a serem capazes de viver a Páscoa : “Por um lado, somos chamados a tomar consciência de que, da mesma forma que Deus passou pelo povo, escutando as suas aflições, também continua a passar hoje nas nossas vidas, tornando-se presente nas mais diversas situações humanas”, afirmou.

“Com o povo, somos também chamados a passar da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, do pecado para a graça. Toda a nossa vida é uma páscoa permanente, até chegarmos à Páscoa eterna do céu, onde seremos libertos de todas as limitações. Enquanto não chegarmos lá, temos de nos esforçar constantemente, mediante um processo sincero de conversão, por configurarmo-nos cada vez mais a Cristo, esforçando-nos por cumprir o seu projecto”.

Este sábado o programa vai ser intenso com desfiles e oferendas. A solenidade litúrgica vai ser presidida pelo bispo de Angra.

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