Jovens Universitários contra votação dos diplomas sobre a Eutanásia escrevem a deputados

Universitários querem travar aprovação da Eutanásia sem debate público

Jovens estudantes que frequentam os centros universitários dos jesuítas em Portugal escreveram uma carta aberta aos deputados, na qual apelam para a retirada dos projetos de Lei sobre despenalização da eutanásia ou para o voto contra essas propostas.
Na carta hoje divulgada no portal Ponto SJ, dos jesuítas, os jovens consideram a que a eutanásia “torna a morte assistida num ato médico, mas também num ato jurídico, objeto de uma legislação que transforma profissionais de saúde em juízes da vida e da morte”.
“Serão eles quem decidirá que pedidos devem ou não ser aceites, que pacientes devem ou não morrer. Mas se a lei for incorretamente aplicada, o resultado é a morte indevida de alguém. E esse erro é irremediável, pois a morte é irremediável”, acrescenta o texto, que está disponível para subscrição dos jovens que o pretendam até 17 de fevereiro.
A Assembleia da República agendou para 20 de fevereiro o debate dos projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da morte medicamente assistida.
Em 2018, a Assembleia da República debateu projetos de despenalização da morte medicamente assistida do PS, BE, PAN e PEV, mas foram todos chumbados, numa votação nominal dos deputados, um a um, e em que os dois maiores partidos deram liberdade de voto.
Há dois anos, o CDS-PP votou contra, assim como o PCP, o PSD dividiu-se, uma maioria no PS votou a favor, o PAN e o BE votaram a favor.
Na carta aberta aos parlamentares, os subscritores afirmam que “de 2018 até hoje não surgiu qualquer movimento social significativo pedindo alterações, nem este foi um tema presente nos debates da última campanha eleitoral”.
“Terá havido pressão por parte das associações dos profissionais de saúde? Não, antes pelo contrário, os profissionais de saúde têm-se posicionado clara e inequivocamente contra a morte assistida. É essa a opinião do atual bastonário da Ordem dos Médicos e de cinco dos seus antecessores, é esse o parecer do Conselho Nacional de Ética e Deontologia da Ordem dos Médicos, o parecer da Ordem dos Enfermeiros, e ainda a opinião da Associação Médica Mundial”, acrescentam.
Os jovens promotores da carta aberta alertam que “quando o que está em causa é a vida, nenhum erro ou precipitação se pode remediar. Resta apenas prevenir” e, consideram que a aprovação das propostas para a despenalização da eutanásia no parlamento “poderá constituir um irremediável erro”.
“Num país onde quase 40 mil idosos vivem sozinhos ou isolados, onde apenas um em cada quatro adultos tem acesso aos cuidados paliativos, onde 71,4% dos pensionistas vivem com uma reforma igual ou inferior a 421 euros, a decisão pela morte assistida será certamente condicionada por todos estes problemas”, escrevem, adiantando que “importa criar condições para responder a estas situações, manifestando respeito e cuidado pela pessoa e pela sua dignidade em todos os momentos e circunstâncias da sua vida”.
Para os jovens que frequentam os centros universitários jesuítas e lançaram esta carta aberta, “a aprovação da morte assistida não pode ser uma prioridade”.
(Com Lusa)
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