“Ninguém deseja a morte” diante do sofrimento

Colaborador do Igreja Açores fala sobre a Eutanásia e a Caminhada Sinodal na diocese de Angra

“Se as pessoas puderem ser tratadas e puderem ter a felicidade, dentro daquilo que é possível, ninguém deseja a morte” adianta Renato Moura, colaborador do Igreja Açores numa entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores, durante a qual não poupa criticas à pressa que o Parlamento tem colocado em legislar sobre a morte assistida.

Na véspera do debate parlamentar sobre o assunto, agendado para o próximo dia 20, o cronista lembra que os deputados deveriam ter como prioridade a defesa da vida e não o direito à morte.

“Os cuidados paliativos são péssimos e nós em vez de alterarmos esta questão queremos ser vanguardistas, como já fomos noutras matérias, muitas delas para nossa desonra” adianta sublinhando que “o primeiro dever do Estado é defender a vida, e uma vida em qualidade pressupõe também a sua defesa quando ela se aproxima do fim”.

“Isto não é uma questão religiosa mas de natureza ética: a vida é inviolável e o estado deve defendê-la por todos os meios”, refere ainda.

Na entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores, Renato Moura, membro do Conselho Pastoral da ilha das Flores, comenta ainda a caminhada sinodal em que se encontra a diocese de Angra e não deixa de apontar a critica a um modelo que “parece muito formatado” e que, por via de alguns formalismos , porventura, “pode falhar na concretização”.

“Vejo com alguma preocupação esta caminhada sinodal; julgo que não estávamos preparados e penso que teria sido útil uma reflexão mais alargada e generalizada”.

“Caminhar juntos teria de ser um processo de comunhão de todos- religiosos e leigos- e o que nos está a ser pedido envolve sobretudo os conselhos pastorais e os que estão nos conselhos pastorais são os que já estão dentro” admite este membro do Conselho Pastoral Diocesano.

“O bom era que caminhar fosse um ato de iniciativa e vontade, mas quando assim não é vamo-nos arrastando e julgo que não fomos capazes de transformar esta caminhada num evento e temo que não seja só nas Flores” adianta ao Igreja Açores.

Entusiasta deste pontificado lamenta que saiam de dentro da própria Igreja os obstáculos às opções do Papa Francisco.

“Ele está a incomodar tal como Jesus fez quando esteve neste mundo”, referiu lembrando que apesar de toda a oposição não haverá um cisma.

“Creio que há de tudo compor-se e hão de permitir que o rosto e a vida de Jesus venham sempre ao de cima” referiu ainda ao lembrar que um dos principais desafios da Igreja, universal e açoriana é a de ser capaz de “enfrentar o mundo com as suas mutações , olhar para as questões para as resolver e, para isso, é preciso tempo e sobretudo disponibilidade para ouvirmos os que estão de fora para que possam regressar”.

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