“O Cristianismo é de todos os tempos”, afirma teólogo Jorge Teixeira da Cunha

Professor de Teologia Moral da Universidade Católica do Porto proferiu conferência sobre o futuro do Cristianismo

O Cristianismo “tem futuro não como teoria mas como fenomenologia” afirmou esta sexta feira à noite o teólogo Pe. Jorge Teixeira da Cunha na conferência proferida na Igreja Matriz de Ponta Delgada sobre o “Futuro do Cristianismo: uma leitura do Evangelho à luz da nossa Cultura”.

A iniciativa, promovida pelo Instituto Católico de Cultura, com o apoio da Paróquia da Matriz de São Sebastião, no âmbito da festa do seu padroeiro e do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, contou com mais de uma centena de participantes.

Para o professor de Teologia Moral da Universidade Católica do Porto “o Cristianismo é de todos os tempos” porque o Evangelho “não nos comunica uma doutrina mas sim uma experiência” e por isso é “algo inacabado” que “é válido para todos os tempos”.

“Não há mundo sem Cristianismo nem Cristianismo sem mundo” afirmou o sacerdote lembrando aos presentes que os cristãos “têm uma missão evangelizadora que deve despertar a surdez do mundo”.

“O mundo que nós temos foi-nos dado pelo Cristianismo. Foi o Cristianismo que nos deu os direitos humanos, a noção de solidariedade e igualdade, a partilha, a liberdade, o progresso. Em nenhum outro espaço cultural aconteceu isso. O mundo Islâmico, por exemplo, nunca foi democraticamente um agente de mudança” afirmou o Pe. Jorge Teixeira da Cunha, que é o atual assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz.

“Foi o Cristianismo que nos abriu o horizonte do sentido distinguindo o bem do mal” e embora existam “aspetos menos positivos, como a inquisição”, os cristãos “foram e são agentes de mudança no mundo”. Por isso, “o Cristianismo é de todos os tempos” e sê-lo-à “ainda mais” se a Igreja for, cada vez mais, “uma tenda de campanha e não uma instituição auto-referencial que se impõe”.

O Teólogo afirmou que os cristãos devem estar centrados na noção de “porvir” em vez da ideia de um futuro e devem fazer da igreja “uma porta da vida, aberta a todos os viventes”. Para isso, será necessário prosseguir um caminho assente na “unificação das comunidades que professam Jesus, para evitar o escândalo da divisão”; na inovação e renovação da própria instituição mitigando a “supremacia do masculino, o clericalismo e o patriarcalismo”. Além disso, os cristãos devem, na ótica do Pe. Jorge Teixeira da Cunha, empenhar-se na salvaguarda da Casa Comum, livrando-se da auto-referencialidade (expressão cara ao Papa Francisco) e lutando pelo direito de todos ao trabalho.

“O mundo foi-nos dado e não é nosso; o futuro do mundo despende deste ato de fé” concluiu o sacerdote que já na quinta feira tinha participado numa mesa redonda sobre a vivência religiosa nos dias de hoje.

A seguir à conferência um grupo de músicos do Conservatório Regional de Ponta Delgada, com Ana Paula Andrade ao piano e Júlia Nunes, no violino, brindaram os presentes com um recital, durante o qual interpretaram quatro temas.

A festa de São Sebastião, o mártir, terão lugar este sábado e domingo e serão presididas pelo cónego Ângelo Valadão, Vigário Episcopal para a Formação.

 

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